São dois jovens que se recusaram a baixar os braços e a queixar-se da crise. Acabados os cursos, criaram uma empresa que testa produtos alimentares e que já dá cartas na Bolsa de Frankfurt. As acções vão entrar dia 22, a 4 euros cada, e já há mais oferta que procura.
Mário Gadanho e Manuel Rodrigues, licenciados em Biologia, acabaram os cursos e, verificando que havia muitas falsificações em alimentos vendidos no retalho, resolveram criar a Biopremier, uma empresa de biotecnologia que se dedica a testar se os alimentos que chegam ao consumidor têm efectivamente os produtos que constam da rotulagem. Daí a entrarem na Bolsa de Frankfurt foi um longo caminho, que começou com o apoio do Taguspark para montarem o plano de negócios, um espaço no Instituto de Ciência Aplicada e Tecnologia da Faculdade de Ciências de Lisboa, e mais tarde a entrada no capital do INOVcapital, a sociedade de capital de risco do Ministério da Economia.
Nessa altura a Biopremier construiu os seus próprios laboratórios. Este ano, o INOVcapital vendeu a sua posição à Lusocastelo, de Jaime Antunes, accionista maioritário do jornal i, e à Public Research, de Alexander Cohen. Dierk Beyer, da Transact Advisory, também já tem uma participação de cerca de 4%. Hoje a empresa é acreditada pelo Instituto Português de Acreditação. É uma acreditação flexível, válida para as áreas alimentar, clínica, veterinária e ambiental. Dentro da área alimentar existem sete testes totalmente desenvolvidos pela empresa e que são únicos a nível europeu.
"Em Portugal não há tradição de colocar em bolsa as pequenas empresas e seria muito difícil e arriscado, sobretudo nesta altura", diz Alexander Cohen. "As acções vão ser vendidas a 4 euros, um preço que consideramos atractivo para os investidores. As primeiras pessoas que as adquirem vêem sempre aqui uma oportunidade especial porque sabem que vão subir. Todos os accionistas têm uma grande confiança na Biopremier e não acredito que as vendam logo."
Na Alemanha, pelo contrário, há várias empresas pequenas, nomeadamente do ramo da biotecnologia, cotadas em bolsa. Algumas tiveram valorizações significativas nos últimos anos e acabaram por ser compradas por grandes empresas. Em Portugal este sector tem uma representação muito residual e de difícil absorção de mão-de-obra. "Há excesso de licenciaturas em Biologia no país. Quando queremos contratar alguém, aparecem-nos centenas de currículos", diz Mário Gadanha, que aconselha a emigração para os licenciados. "Os portugueses são muito bem vistos nesta área", acrescenta.
Os quadros da Biopremier são todos portugueses, um com formação em Veterinária, uma área que a empresa está a começar a desenvolver, outro com formação na parte clínica, também em expansão, e outros licenciados em Biologia Molecular e Microbiologia.
Mário Gadanho diz que ainda há muito gato por lebre nos produtos que chegam ao consumidor final em Portugal, como os pastéis de bacalhau que afinal eram de pescada, e até um caril que, do propriamente dito, tinha zero.
A empresa estuda o ADN dos alimentos e dos transgénicos, e na Alemanha, ao contrário do que acontece aqui, a regulamentação é de um grande rigor e a rotulagem tem de ser provada e certificada, o que torna aquele mercado de grande potencial depois da entrada em bolsa em Frankfurt. Esta iniciativa deu à empresa uma enorme visibilidade, que também se está a traduzir em credibilidade internacional.
"O momento em que tivemos a certificação dos laboratórios representou para nós uma grande vitória porque comprova que o que fazemos é tecnicamente bem feito", explicou Mário Gardanho.
Em Portugal a Jerónimo Martins e o Lidl são clientes da Biopremier, numa aposta que passa por trabalhar para esses grupos fora de Portugal. A Makro e o Intermarché também recorrem aos serviços da Biopremier, ficando por enquanto de fora a Sonae e a Auchan.
Os testes feitos pela Biopremier inserem-se nas directivas comunitárias, algumas das quais ainda não foram transpostas para a legislação nacional por causa da crise. O empresário diz que hoje muitos produtos são feitos com desperdícios e inúmeras vezes acabam por ser de origem animal ou vegetal, o que nem sempre é mencionado nos rótulos e pode ter repercussões graves para quem sofre de intolerâncias alimentares. Existem já indicações claras de Bruxelas para incluir na rotulagem dos alimentos produtos alergénicos como o tremoço, os amendoins, caju, nozes ou peixe.
O capital desta operação não é, para já necessário. Fica reservado para o de- senvolvimento de novos projectos, como kits de análises para os laboratórios clínicos e hospitais na área das doenças respiratórias e gastrointestinais e também para os veterinários. O ambiente é a próxima área onde se propõem inovar.
Na próxima segunda-feira a Biopremier vai participar na entrega de prémios da Nutrition Award, na Gulbenkian, que premeia precisamente ideias para a criação de novas empresas e incentiva o empreendedorismo em Portugal.
Fonte ionline 17-09-2011
http://www.biopremier.com/
Nessa altura a Biopremier construiu os seus próprios laboratórios. Este ano, o INOVcapital vendeu a sua posição à Lusocastelo, de Jaime Antunes, accionista maioritário do jornal i, e à Public Research, de Alexander Cohen. Dierk Beyer, da Transact Advisory, também já tem uma participação de cerca de 4%. Hoje a empresa é acreditada pelo Instituto Português de Acreditação. É uma acreditação flexível, válida para as áreas alimentar, clínica, veterinária e ambiental. Dentro da área alimentar existem sete testes totalmente desenvolvidos pela empresa e que são únicos a nível europeu.
"Em Portugal não há tradição de colocar em bolsa as pequenas empresas e seria muito difícil e arriscado, sobretudo nesta altura", diz Alexander Cohen. "As acções vão ser vendidas a 4 euros, um preço que consideramos atractivo para os investidores. As primeiras pessoas que as adquirem vêem sempre aqui uma oportunidade especial porque sabem que vão subir. Todos os accionistas têm uma grande confiança na Biopremier e não acredito que as vendam logo."
Na Alemanha, pelo contrário, há várias empresas pequenas, nomeadamente do ramo da biotecnologia, cotadas em bolsa. Algumas tiveram valorizações significativas nos últimos anos e acabaram por ser compradas por grandes empresas. Em Portugal este sector tem uma representação muito residual e de difícil absorção de mão-de-obra. "Há excesso de licenciaturas em Biologia no país. Quando queremos contratar alguém, aparecem-nos centenas de currículos", diz Mário Gadanha, que aconselha a emigração para os licenciados. "Os portugueses são muito bem vistos nesta área", acrescenta.
Os quadros da Biopremier são todos portugueses, um com formação em Veterinária, uma área que a empresa está a começar a desenvolver, outro com formação na parte clínica, também em expansão, e outros licenciados em Biologia Molecular e Microbiologia.
Mário Gadanho diz que ainda há muito gato por lebre nos produtos que chegam ao consumidor final em Portugal, como os pastéis de bacalhau que afinal eram de pescada, e até um caril que, do propriamente dito, tinha zero.
A empresa estuda o ADN dos alimentos e dos transgénicos, e na Alemanha, ao contrário do que acontece aqui, a regulamentação é de um grande rigor e a rotulagem tem de ser provada e certificada, o que torna aquele mercado de grande potencial depois da entrada em bolsa em Frankfurt. Esta iniciativa deu à empresa uma enorme visibilidade, que também se está a traduzir em credibilidade internacional.
"O momento em que tivemos a certificação dos laboratórios representou para nós uma grande vitória porque comprova que o que fazemos é tecnicamente bem feito", explicou Mário Gardanho.
Em Portugal a Jerónimo Martins e o Lidl são clientes da Biopremier, numa aposta que passa por trabalhar para esses grupos fora de Portugal. A Makro e o Intermarché também recorrem aos serviços da Biopremier, ficando por enquanto de fora a Sonae e a Auchan.
Os testes feitos pela Biopremier inserem-se nas directivas comunitárias, algumas das quais ainda não foram transpostas para a legislação nacional por causa da crise. O empresário diz que hoje muitos produtos são feitos com desperdícios e inúmeras vezes acabam por ser de origem animal ou vegetal, o que nem sempre é mencionado nos rótulos e pode ter repercussões graves para quem sofre de intolerâncias alimentares. Existem já indicações claras de Bruxelas para incluir na rotulagem dos alimentos produtos alergénicos como o tremoço, os amendoins, caju, nozes ou peixe.
O capital desta operação não é, para já necessário. Fica reservado para o de- senvolvimento de novos projectos, como kits de análises para os laboratórios clínicos e hospitais na área das doenças respiratórias e gastrointestinais e também para os veterinários. O ambiente é a próxima área onde se propõem inovar.
Na próxima segunda-feira a Biopremier vai participar na entrega de prémios da Nutrition Award, na Gulbenkian, que premeia precisamente ideias para a criação de novas empresas e incentiva o empreendedorismo em Portugal.
Fonte ionline 17-09-2011
http://www.biopremier.com/
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