
Estima-se que a reação alimentar de causa alérgica atinja 6-8% das crianças com menos de 3 anos de idade. As crianças com doença alérgica apresentam uma maior incidência de alergia alimentar, sendo diagnosticada em cerca de 38% das crianças com dermatite atópica e em aproximadamente 5% das crianças com asma.
O termo "alergia alimentar" é livremente usado para definir vários tipos de reações adversas a alimentos. No entanto, o diagnóstico correto assenta na distinção entre alergia e intolerância alimentar.
A alergia é uma reação imunológica desencadeada por uma proteína, com manifestações muito variadas, dependendo do órgão afetado: aparelho gastrointestinal (diarreia, vómitos), respiratório (dificuldade respiratória, broncospasmo) ou cutâneo (eczema, urticária, edema). A manifestação de alergia alimentar pode variar na intensidade/gravidade, desde reações ligeiras (como lesões cutâneas isoladas) a anafilaxia, esta última podendo ser fatal, caso não seja corretamente abordada.
É importante salientar que o eritema da zona da fralda não corresponde a uma manifestação de alergia alimentar, dado que pode levar à exclusão, não adequada, de certos alimentos da dieta da criança.
A intolerância alimentar consiste numa resposta (não imunológica) do organismo a certos alimentos. Esta pode ser causada, por exemplo, pela produção insuficiente ou pela ausência no organismo de enzimas digestivas. A situação mais comum é a intolerância à lactose, em que o organismo não produz lactase (enzima essencial na digestão do leite) em quantidade suficiente.
Frequentemente, as manifestações de intolerância alimentar são muito semelhantes às da alergia alimentar, o que tem contribuído para alguma confusão entre as duas situações.
A alergia alimentar é mais comum durante o primeiro ano de vida (prevalência de 25%). A existência de familiares de 1.º grau com história de alergia está associada a maior risco, assim como o estado imunitário da criança. Apesar de bastante prevalecente nesta idade, é importante ter presente que a maioria das alergias tem resolução espontânea até à idade escolar (ou, seja, as crianças acabam por alcançar "tolerância" ao alergénio em questão).
Cerca de 90% das alergias alimentares são causadas pelas proteínas do leite de vaca, ovo, amendoim, frutos secos, peixe, marisco, trigo e soja. A alergia alimentar múltipla é menos comum e surge devido às semelhanças estruturais moleculares entre os alimentos.
O diagnóstico de alergia alimentar é estabelecido com base na história clínica, para tentar identificar o alergénio, e exames complementares, entre os quais "marcadores" de alergia e provas de provocação.
Este conjunto de dados deverá ser adequadamente analisado e interpretado, de modo a ser possível orientar, de forma criteriosa, uma eventual exclusão de alimentos da dieta. Nem sempre se trata de um processo fácil, essencialmente devido à dificuldade em identificar o alergénio.
De salientar que existe a ideia de que a reação alérgica ocorre sempre no primeiro contacto com alimento. Na verdade, a manifestação de alergia só se verifica, numa parte dos casos, após a segunda ou terceira exposições.
É ainda de notar que, mesmo com todo o cuidado na evicção do alimento, por vezes o alergénio aparece "mascarado". Na verdade, um alimento teoricamente "seguro" pode desencadear uma reação alérgica, por exemplo, apenas por ter estado em contacto com outros alimentos que possuem o alergénio a que a criança desenvolveu alergia. Este risco existe quer em casa/escola/restaurante, durante a preparação das refeições, quer mesmo na própria linha de produção do alimento.
O tratamento da alergia alimentar passa pela exclusão do alimento causador de alergia da dieta, de acordo com orientação médica. Para além disso, existem fármacos que se utilizam para controlar os sintomas (adrenalina, corticosteroides e anti-histamínicos). Todas as crianças com alergia alimentar deverão estar devidamente identificadas e "sinalizadas", nomeadamente entre os amigos e familiares, na escola e nas atividades extraescolares. De igual modo, é de grande importância que a família e professores/cuidadores estejam familiarizados com a sintomatologia típica de uma reação alérgica, em particular a anafilaxia, assim como com o procedimento adequado a adotar em cada circunstância.
A alergia alimentar é uma realidade na vida de muitas crianças (e de muitas famílias), por vezes com franca interferência no seu dia a dia e na sua qualidade de vida. Assim, é importante que todos estejamos motivados para atuar de forma a minimizar o seu impacto na rotina diária destas crianças!
Fonte Serviço de Pediatria do Hospital de Braga - Portugal 20-09-2013
A alergia é uma reação imunológica desencadeada por uma proteína, com manifestações muito variadas, dependendo do órgão afetado: aparelho gastrointestinal (diarreia, vómitos), respiratório (dificuldade respiratória, broncospasmo) ou cutâneo (eczema, urticária, edema). A manifestação de alergia alimentar pode variar na intensidade/gravidade, desde reações ligeiras (como lesões cutâneas isoladas) a anafilaxia, esta última podendo ser fatal, caso não seja corretamente abordada.
É importante salientar que o eritema da zona da fralda não corresponde a uma manifestação de alergia alimentar, dado que pode levar à exclusão, não adequada, de certos alimentos da dieta da criança.
A intolerância alimentar consiste numa resposta (não imunológica) do organismo a certos alimentos. Esta pode ser causada, por exemplo, pela produção insuficiente ou pela ausência no organismo de enzimas digestivas. A situação mais comum é a intolerância à lactose, em que o organismo não produz lactase (enzima essencial na digestão do leite) em quantidade suficiente.
Frequentemente, as manifestações de intolerância alimentar são muito semelhantes às da alergia alimentar, o que tem contribuído para alguma confusão entre as duas situações.
A alergia alimentar é mais comum durante o primeiro ano de vida (prevalência de 25%). A existência de familiares de 1.º grau com história de alergia está associada a maior risco, assim como o estado imunitário da criança. Apesar de bastante prevalecente nesta idade, é importante ter presente que a maioria das alergias tem resolução espontânea até à idade escolar (ou, seja, as crianças acabam por alcançar "tolerância" ao alergénio em questão).
Cerca de 90% das alergias alimentares são causadas pelas proteínas do leite de vaca, ovo, amendoim, frutos secos, peixe, marisco, trigo e soja. A alergia alimentar múltipla é menos comum e surge devido às semelhanças estruturais moleculares entre os alimentos.
O diagnóstico de alergia alimentar é estabelecido com base na história clínica, para tentar identificar o alergénio, e exames complementares, entre os quais "marcadores" de alergia e provas de provocação.
Este conjunto de dados deverá ser adequadamente analisado e interpretado, de modo a ser possível orientar, de forma criteriosa, uma eventual exclusão de alimentos da dieta. Nem sempre se trata de um processo fácil, essencialmente devido à dificuldade em identificar o alergénio.
De salientar que existe a ideia de que a reação alérgica ocorre sempre no primeiro contacto com alimento. Na verdade, a manifestação de alergia só se verifica, numa parte dos casos, após a segunda ou terceira exposições.
É ainda de notar que, mesmo com todo o cuidado na evicção do alimento, por vezes o alergénio aparece "mascarado". Na verdade, um alimento teoricamente "seguro" pode desencadear uma reação alérgica, por exemplo, apenas por ter estado em contacto com outros alimentos que possuem o alergénio a que a criança desenvolveu alergia. Este risco existe quer em casa/escola/restaurante, durante a preparação das refeições, quer mesmo na própria linha de produção do alimento.
O tratamento da alergia alimentar passa pela exclusão do alimento causador de alergia da dieta, de acordo com orientação médica. Para além disso, existem fármacos que se utilizam para controlar os sintomas (adrenalina, corticosteroides e anti-histamínicos). Todas as crianças com alergia alimentar deverão estar devidamente identificadas e "sinalizadas", nomeadamente entre os amigos e familiares, na escola e nas atividades extraescolares. De igual modo, é de grande importância que a família e professores/cuidadores estejam familiarizados com a sintomatologia típica de uma reação alérgica, em particular a anafilaxia, assim como com o procedimento adequado a adotar em cada circunstância.
A alergia alimentar é uma realidade na vida de muitas crianças (e de muitas famílias), por vezes com franca interferência no seu dia a dia e na sua qualidade de vida. Assim, é importante que todos estejamos motivados para atuar de forma a minimizar o seu impacto na rotina diária destas crianças!
Fonte Serviço de Pediatria do Hospital de Braga - Portugal 20-09-2013
Comentários: