Chineses querem dominar as exportações de agroquímicos
De olho no crescimento do agronegócio brasileiro e na ampliação do comércio de agroquimicos na América Latina e Oceania, o governo chinês estabeleceu um programa para os próximos dez anos, visando aumentar a fabricação de seus produtos e reduzir ainda mais os preços.

A estratégia é fomentar e incentivar as fusões entre grandes empresas do setor, para formar líderes do segmento no mundo, afirmou a vice-presidente da empresa CCPIT Sub-control of Chemical Industry, Ma Chunyan, durante a IV China-Brasil Agrochemshow, que aconteceu ontem em São Paulo.

Maior fabricante de defensivos e fertilizantes agrícolas do mundo, a China traçou planos ousados até 2020. Durante o evento, alguns representantes de empresas chinesas, interessados em fechar novas parcerias para a comercialização de agroquímicos, reafirmaram o interesse no Brasil, que pode passar de quarto maior importador desses insumos para segundo, até 2020.

Chineses querem dominar as exportações de agroquímicos

Segundo dados do Ministério da Agricultura da China, as exportações de agroquímicos no ano passado para o mercado da América Latina representaram 10% do total embarcado, ou seja, 273 mil toneladas, perdendo somente para o continente asiático, que detém 40% do mercado, com importações superiores a 462 mil toneladas. A China exportou 1,2 milhão de toneladas de insumos agrícolas no ano passado, com incremento de 14% ante o ano anterior.

Segundo a Ma Chunyan, o país definiu três diretrizes para ampliar e melhorar as suas produções. A primeira é a criação de quatro ou cinco parques industriais em regiões costeiras ou ribeirinhas, para melhorar a eficiência e a segurança ambiental. A segunda é a redução do número de empresas atuantes no setor, para minimizar os custos e aumentar a competitividade interna e externa de seus produtos. "O terceiro passo é a reestruturação das empresas, ressaltando assim as mais eficientes e eliminando as com menor potencial.

Queremos concentrar essas empresas para promover as marcas próprias e elevar o valor agregado, procurando obter um teor técnico mais elevado, embora nossos produtos já atendam o nível exigido. Entretanto, nossos preços não estão adequados aos níveis internacionais. Então, queremos transformar os produtos em marcas melhores, mais eficientes e mais baratas, para que nossa competitividade seja maior e assim possamos controlar melhor a qualidade dos produtos".

Para ela, a ideia é que as atuais quatro mil indústrias pequenas do setor se unam para formar menos de duas mil, para atender o mercado interno. Já as 600 grandes empresas devem se fundir para formar 300 multinacionais exportadoras. "O nosso objetivo é promover uma integração maior entre as indústrias, seus fornecedores e compradores. Com isso, em 2015 essas 300 empresas exportadoras passarão a deter 50% dos embarques chineses e em 2020 esse montante saltará para 70%. Com isso, ganhamos a confiança dos compradores e formamos as maiores empresas do mundo nesse setor", disse ela.

Apesar da boa relação entre a China e o Brasil, e a intenção de ampliar essa parceria de compra e venda de produtos agrícolas, o coordenador geral de agrotóxicos e afins do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luis Eduardo Rangel, lembrou que a legislação brasileira para o registro de produtos químicos é bastante severa. E não só a China como outros países que tenham interesse em comercializar com o País precisam atentar a isso. "A relação entre Brasil e China é muito boa, entretanto, como fazemos com todos os países, exigimos a garantia de qualidade nesses insumos. O controle de qualidade é o ponto mais importante para essa parceria".

De 2007 a 2010, do total de registros de produtos aprovados pelo Mapa, 62% eram chineses, ou seja, mais da metade. Na segunda colocação está a Índia com 14%, seguida pelo Brasil com 4%. Para Flávio Hirata, diretor da empresa AllierBrasil Agro, que liderou o evento em São Paulo, o Brasil não deve fechar muitos acordos com os chineses para a fabricação de agroquímicos no País. Isso porque os custos de produção aqui são muito elevados. "A maioria dos fabricantes chineses que quer acessar o mercado brasileiro são nossos clientes, e até hoje nenhuma empresa deu o passo à frente para montar uma fábrica no país", contou.

Apesar disso, Hirata confessou que a sua empresa está intermediando a parceria entre uma companhia chinesa e uma brasileira para a fabricação destes produtos no País. "Já existe uma empresa brasileira e uma chinesa buscando fechar uma fusão".

Fonte dci 05-08-2011

 

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