O tema escolhido este ano pela ONU para as comemorações do Dia Mundial da Alimentação foi o "Preços da Alimentação - Da Crise à Estabilidade". Uma questão que reflecte a importância que a actual crise económica tem na vida das populações e a consequência que a mesma crise poderá ter ao nível das suas necessidades alimentares.
Como é sabido, em tempos de crise, além da fome, também os erros alimentares se sucedem. Dados já publicados mostraram que, por exemplo, nos países desenvolvidos a obesidade, sobretudo a infantil, tende a aumentar e associa-se, em regra, a classes sociais baixas, quer pela questão educacional e cultural, quer pelo facto dos alimentos ricos em açúcares e gorduras serem normalmente mais baratos.
Contudo, a realidade pode ainda ser outra e o impacto da crise “aligeirado” se as pessoas começarem a ganhar hábitos alimentares que acabam por ser vantajosos quer em termos de saúde, quer de poupança financeira.
Em entrevista ao JM, a nutricionista da Direcção Regional de Educação, Ana Rodrigues, acredita que «a actual conjunctura económica, poderá obrigar as pessoas a optarem por refeições mais saudáveis e poupar ao mesmo tempo», aproveitando, neste sentido, para deixar algumas dicas: «começar por confecionar os alimentos em casa e levar as refeições já prontas para o local de trabalho. Em vez de refrigerantes e sumos, beber água.
É mais económica, não tem calorias e devemos consumir entre 1,5 a 3 litros por dia. Preferir grelhar e cozer os alimentos, pois assim, reduz a quantidade de gordura que consome. Optar pelos produtos regionais e da época, uma vez que são nutricionalmente mais ricos. Reduzir o consumo de carne, ingerir entre os 100g e os 400g no máximo, por dia».
Comida “fast food”ganha cada vez mais “adeptos” entre os portugueses
Embora os alertas sobre as consequências nefastas para a saúde, estudos recentes efectuados pela Deco e também pelo INE revelam que os portugueses consumem cada vez mais a chamada "comida fast-food" (hambúrgueres e batatas fritas).
A este respeito, Ana Rodrigues acredita que a maior parte da população tem a noção dos malefícios da chamada comida “fast food”. No entanto, adianta, são diversos os factores que motivam o seu consumo. «Destaco como um dos principais, o sabor. A elevada palatabilidade aliada ao fraco poder saciante, promove uma ingestão cada vez maior e mais frequente.
O facto de estar disponível a um preço reduzido potencia ainda mais esta escolha. Além disso, a “fast food”, encontra-se facilmente ao virar da esquina. As zonas de restauração dos centros comerciais são maioritariamente constituídas por estabelecimentos de “fast food”, e eles existem para todos os gostos e feitios. Uma refeição “fast food”, tem ainda a vantagem de ser servida rapidamente, e poder ser consumida no próprio estabelecimento ou, por exemplo, a caminho de casa ou até mesmo em casa», considera.
Aliás, é para contrariar esta tendência alimentar que «nas escolas a oferta alimentar para os educandos, assenta nos princípios de uma alimentação saudável», lembra Ana Rodrigues. «Por exemplo, nos estabelecimentos de educação e estabelecimentos de ensino de 1º ciclo, deixaram de ser permitidos os bolos com creme, os doces e as guloseimas, típicos dos dias de aniversário.
Para regular o funcionamento e venda dos géneros alimentícios no bufete escolar dos estabelecimentos de ensino básico e secundário, foi criada a resolução nº 1013/2008, que proibiu a comercialização de batatas fritas, bolos com creme, refrigerantes, entre outros. No entanto, há ainda a necessidade de sensibilizar e alertar grande parte da comunidade para os riscos de uma alimentação desequilibrada e educar nesse sentido», alerta a nutricionista.
Recorrendo ao ditado popular “é de pequenino que se torce o pepino”, Ana Rodrigues considera que, «da mesma forma quanto mais precocemente forem transmitidos hábitos alimentares saudáveis, mais fácil a adopção, integração e manutenção desses hábitos ao longo da vida».
A educação alimentar, salienta, «deve iniciar-se em casa e complementar-se na escola. Mesmo sem se aperceberem, os pais transmitem mensagens aos seus filhos, na hora das refeições, quando organizam, planeiam, preparam, confecionam e consomem os alimentos. Se em casa não predominam boas práticas alimentares, muito dificilmente a educação alimentar na escola será eficaz. Por este motivo, é cada vez mais importante a implementação de projetos de educação alimentar que abranjam não só as crianças, mas também, os seus pais e familiares mais próximos. Assim, todos beneficiam com uma alimentação saudável», finalizou.
Pratos de carne e sopas lideram os pedidos nos restaurantes
Os pratos de carne — sobretudo os “pregos no prato”—, lideram os pedidos nos restaurante. De acordo com o funcionário de um bar/restaurante do centro do Funchal, que serve apenas almoços, apesar dos menus diários oferecerem pratos de carne e peixe, a preferência dos clientes recai nos de carne. «Quem opta pelos pratos de peixe são, curiosamente, os turistas que entram aqui já com a ideia de comer peixe-de-espada-preto ou então o bife de atum. É por isso que temos todos os dias estes dois pratos na ementa porque sabemos que os turistas raramente escolhem carne», esclareceu o nosso interlocutor.
Para além destas constatações, a nossa fonte revelou outro dado curioso. Os madeirenses estão também a optar pelas sopas não tanto pelo factor “saudável” mas sobretudo pelo preço. «Tenho reparado que, sobretudo desde o último ano, as pessoas optam pela sopa nos seus almoços. Muitas dizem que, para além de ser muito mais económico é também mais saudável, o que não deixa de fazer sentido».
Outro dos restaurantes contactados pelo JM serve à volta de 50 referições diárias à hora do almoço. Mas no passado era muito mais, garante. «Não vencíamos a preparar pratos e os clientes não prescendiam das bebidas a acompanhar a comida. Hoje em dia já não é assim. Pedem um copo com água e escolhem os “pratos mini” que são ligeiramente mais baratos», conta. Também neste restaurante, situado na zona da Sé do Funchal, as sopas têm tido cada vez mais saída.
Um “Dia” com 30 anos
O Dia Mundial da Alimentação foi criado em 1981 pelos países membros na 20ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura. Este ano as comemorações do Dia Mundial da Alimentação vão ter como tema principal "Preços da Alimentação - Da Crise à Estabilidade". Este dia tem como principal objectivo alertar as pessoas para a importância da luta contra fome e pobreza. Em traços gerais, esta eferméride tem como objectivos principais desenvolver medidas para sensibilizar as pessoas para a necessidade da produção agrícola e estimular os apoios nacionais, bilaterais, multilaterais e não-governamentais para este fim, bem como, ajudar no desenvolvimento de novas tecnologias em países subdesenvolvidos.
Altos preços levam à pobreza extrema
O Dia Mundial da Alimentação é, este ano, subordinado ao tema "Preço dos alimentos – da crise à estabilidade". As variações nos preços dos alimentos, em especial o aumento dos preços, representam uma séria ameaça para a segurança alimentar e nutricional dos países em desenvolvimento. As populações carentes são as mais seriamente atingidas. De acordo com o Banco Mundial, entre 2010 e 2011, o aumento do preço dos alimentos deixou quase 70 milhões de pessoas na pobreza extrema em todo o mundo.
Rede de Bufetes Escolares abrange 25 escolas
O projecto de educação alimentar "Rede de Bufetes Escolares Saudáveis, que teve oficialmente início no ano letivo 2001/2002, está actualmente implementado em 25 escolas da Região (básicas do 2.º e 3.º ciclos e secundárias) e tem conseguido, ao longo destes anos, «obter resultados positivos» como explicou ao JM Gonçalina Góis, responsável pelo projecto. Tendo como objectivo promover hábitos alimentares saudáveis, este projecto (que funciona nos bares das escolas) engloba também actividades extracurriculares de modo a envolver e a motivar a participação activa dos alunos, bem como dos restantes membros da comunidade educativa e não-educativa, na dinamização de actividades promotoras de alternativas alimentares saudáveis nas escolas.
Preços mais acessíveis nas escolas
Gonçalina Góis adianta, a respeito da promoção dos alimentos saudáveis, que é também papel da Rede de Bufetes Escolares Saudáveis sugerir às escolas que tenham os produtos a promover a um preço mais acessível em relação aos produtos a despromover. A responsável exemplificou com os batidos de fruta que cá fora podem custar dois euros e que nas escolas rondam os 70 cêntimos/1 euro.
Consumo de hortícolas superior na Região
De acordo com um estudo efectuado em 2009 pela Sociedade Portuguesa de Nutrição e Alimentação (SPCNA), a ingestão de alimentos na Madeira foi semelhante à dos Açores e às regiões continentais, embora o consumo de hortícolas fosse superior na Região Autónoma da Madeira. Além disso, a Região encontra-se em segundo lugar no consumo de bolachas e biscoitos, bolos e produtos de pastelaria e açúcar.
Fonte jornal da madeira 16-10-2011
Contudo, a realidade pode ainda ser outra e o impacto da crise “aligeirado” se as pessoas começarem a ganhar hábitos alimentares que acabam por ser vantajosos quer em termos de saúde, quer de poupança financeira.
Em entrevista ao JM, a nutricionista da Direcção Regional de Educação, Ana Rodrigues, acredita que «a actual conjunctura económica, poderá obrigar as pessoas a optarem por refeições mais saudáveis e poupar ao mesmo tempo», aproveitando, neste sentido, para deixar algumas dicas: «começar por confecionar os alimentos em casa e levar as refeições já prontas para o local de trabalho. Em vez de refrigerantes e sumos, beber água.
É mais económica, não tem calorias e devemos consumir entre 1,5 a 3 litros por dia. Preferir grelhar e cozer os alimentos, pois assim, reduz a quantidade de gordura que consome. Optar pelos produtos regionais e da época, uma vez que são nutricionalmente mais ricos. Reduzir o consumo de carne, ingerir entre os 100g e os 400g no máximo, por dia».
Comida “fast food”ganha cada vez mais “adeptos” entre os portugueses
Embora os alertas sobre as consequências nefastas para a saúde, estudos recentes efectuados pela Deco e também pelo INE revelam que os portugueses consumem cada vez mais a chamada "comida fast-food" (hambúrgueres e batatas fritas).
A este respeito, Ana Rodrigues acredita que a maior parte da população tem a noção dos malefícios da chamada comida “fast food”. No entanto, adianta, são diversos os factores que motivam o seu consumo. «Destaco como um dos principais, o sabor. A elevada palatabilidade aliada ao fraco poder saciante, promove uma ingestão cada vez maior e mais frequente.
O facto de estar disponível a um preço reduzido potencia ainda mais esta escolha. Além disso, a “fast food”, encontra-se facilmente ao virar da esquina. As zonas de restauração dos centros comerciais são maioritariamente constituídas por estabelecimentos de “fast food”, e eles existem para todos os gostos e feitios. Uma refeição “fast food”, tem ainda a vantagem de ser servida rapidamente, e poder ser consumida no próprio estabelecimento ou, por exemplo, a caminho de casa ou até mesmo em casa», considera.
Aliás, é para contrariar esta tendência alimentar que «nas escolas a oferta alimentar para os educandos, assenta nos princípios de uma alimentação saudável», lembra Ana Rodrigues. «Por exemplo, nos estabelecimentos de educação e estabelecimentos de ensino de 1º ciclo, deixaram de ser permitidos os bolos com creme, os doces e as guloseimas, típicos dos dias de aniversário.
Para regular o funcionamento e venda dos géneros alimentícios no bufete escolar dos estabelecimentos de ensino básico e secundário, foi criada a resolução nº 1013/2008, que proibiu a comercialização de batatas fritas, bolos com creme, refrigerantes, entre outros. No entanto, há ainda a necessidade de sensibilizar e alertar grande parte da comunidade para os riscos de uma alimentação desequilibrada e educar nesse sentido», alerta a nutricionista.
Recorrendo ao ditado popular “é de pequenino que se torce o pepino”, Ana Rodrigues considera que, «da mesma forma quanto mais precocemente forem transmitidos hábitos alimentares saudáveis, mais fácil a adopção, integração e manutenção desses hábitos ao longo da vida».
A educação alimentar, salienta, «deve iniciar-se em casa e complementar-se na escola. Mesmo sem se aperceberem, os pais transmitem mensagens aos seus filhos, na hora das refeições, quando organizam, planeiam, preparam, confecionam e consomem os alimentos. Se em casa não predominam boas práticas alimentares, muito dificilmente a educação alimentar na escola será eficaz. Por este motivo, é cada vez mais importante a implementação de projetos de educação alimentar que abranjam não só as crianças, mas também, os seus pais e familiares mais próximos. Assim, todos beneficiam com uma alimentação saudável», finalizou.
Pratos de carne e sopas lideram os pedidos nos restaurantes
Os pratos de carne — sobretudo os “pregos no prato”—, lideram os pedidos nos restaurante. De acordo com o funcionário de um bar/restaurante do centro do Funchal, que serve apenas almoços, apesar dos menus diários oferecerem pratos de carne e peixe, a preferência dos clientes recai nos de carne. «Quem opta pelos pratos de peixe são, curiosamente, os turistas que entram aqui já com a ideia de comer peixe-de-espada-preto ou então o bife de atum. É por isso que temos todos os dias estes dois pratos na ementa porque sabemos que os turistas raramente escolhem carne», esclareceu o nosso interlocutor.
Para além destas constatações, a nossa fonte revelou outro dado curioso. Os madeirenses estão também a optar pelas sopas não tanto pelo factor “saudável” mas sobretudo pelo preço. «Tenho reparado que, sobretudo desde o último ano, as pessoas optam pela sopa nos seus almoços. Muitas dizem que, para além de ser muito mais económico é também mais saudável, o que não deixa de fazer sentido».
Outro dos restaurantes contactados pelo JM serve à volta de 50 referições diárias à hora do almoço. Mas no passado era muito mais, garante. «Não vencíamos a preparar pratos e os clientes não prescendiam das bebidas a acompanhar a comida. Hoje em dia já não é assim. Pedem um copo com água e escolhem os “pratos mini” que são ligeiramente mais baratos», conta. Também neste restaurante, situado na zona da Sé do Funchal, as sopas têm tido cada vez mais saída.
Um “Dia” com 30 anos
O Dia Mundial da Alimentação foi criado em 1981 pelos países membros na 20ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura. Este ano as comemorações do Dia Mundial da Alimentação vão ter como tema principal "Preços da Alimentação - Da Crise à Estabilidade". Este dia tem como principal objectivo alertar as pessoas para a importância da luta contra fome e pobreza. Em traços gerais, esta eferméride tem como objectivos principais desenvolver medidas para sensibilizar as pessoas para a necessidade da produção agrícola e estimular os apoios nacionais, bilaterais, multilaterais e não-governamentais para este fim, bem como, ajudar no desenvolvimento de novas tecnologias em países subdesenvolvidos.
Altos preços levam à pobreza extrema
O Dia Mundial da Alimentação é, este ano, subordinado ao tema "Preço dos alimentos – da crise à estabilidade". As variações nos preços dos alimentos, em especial o aumento dos preços, representam uma séria ameaça para a segurança alimentar e nutricional dos países em desenvolvimento. As populações carentes são as mais seriamente atingidas. De acordo com o Banco Mundial, entre 2010 e 2011, o aumento do preço dos alimentos deixou quase 70 milhões de pessoas na pobreza extrema em todo o mundo.
Rede de Bufetes Escolares abrange 25 escolas
O projecto de educação alimentar "Rede de Bufetes Escolares Saudáveis, que teve oficialmente início no ano letivo 2001/2002, está actualmente implementado em 25 escolas da Região (básicas do 2.º e 3.º ciclos e secundárias) e tem conseguido, ao longo destes anos, «obter resultados positivos» como explicou ao JM Gonçalina Góis, responsável pelo projecto. Tendo como objectivo promover hábitos alimentares saudáveis, este projecto (que funciona nos bares das escolas) engloba também actividades extracurriculares de modo a envolver e a motivar a participação activa dos alunos, bem como dos restantes membros da comunidade educativa e não-educativa, na dinamização de actividades promotoras de alternativas alimentares saudáveis nas escolas.
Preços mais acessíveis nas escolas
Gonçalina Góis adianta, a respeito da promoção dos alimentos saudáveis, que é também papel da Rede de Bufetes Escolares Saudáveis sugerir às escolas que tenham os produtos a promover a um preço mais acessível em relação aos produtos a despromover. A responsável exemplificou com os batidos de fruta que cá fora podem custar dois euros e que nas escolas rondam os 70 cêntimos/1 euro.
Consumo de hortícolas superior na Região
De acordo com um estudo efectuado em 2009 pela Sociedade Portuguesa de Nutrição e Alimentação (SPCNA), a ingestão de alimentos na Madeira foi semelhante à dos Açores e às regiões continentais, embora o consumo de hortícolas fosse superior na Região Autónoma da Madeira. Além disso, a Região encontra-se em segundo lugar no consumo de bolachas e biscoitos, bolos e produtos de pastelaria e açúcar.
Fonte jornal da madeira 16-10-2011
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