
Ao que tudo indica, em 2014, a versão transgénica de um dos alimentos mais consumidos no Brasil estará disponível nos supermercados e feiras mais próximos. É o feijão Embrapa 5.1, variedade na qual pesquisadores do órgão injetaram material genético do vírus do mosaico dourado, praga importante da cultura em todo o país, com o objetivo de tornar a variedade resistente a ele.
Até 2014, a Embrapa pretende produzir sementes suficientes para comercializar entre os agricultores.
Eu tenho medo. Se a legislação, que determina que os produtos com organismos geneticamente modificados (OGMs) sejam rotulados como tal, é descaradamente desrespeitada hoje, tudo me faz crer que em um par de anos não será muito diferente. A informação correta e clara é um dos direitos básicos do consumidor, previsto na sua lei maior, o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Além dela, um decreto específico diz ipsis literis como deve ser feita a rotulagem de produtos transgénicos (Decreto 4680/2003). Mas são poucos os produtos em que encontramos aquele T dentro do triângulo amarelo, e isso não quer dizer que não estamos comendo transgénicos.
Como no caso dos demais OGMs (leia-se sojas e milhos liberados por aí e presentes em inúmeros alimentos industrializados), o feijão não passou por testes suficientes que comprovem sua segurança. Sou da turma do Princípio da Precaução, que é, inclusive, previsto por nossa Lei de Biossegurança (11.105/2005). Os estudos realizados tampouco atenderam às exigências da própria CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), que aprovou a autorização.
Por exemplo, não houve nenhuma pesquisa sobre o impacto que o feijão transgénico pode ter sobre os biomas brasileiros ou sobre outras qualidades de feijão, como as variedades crioulas – estas, geração após geração, desenvolvem características únicas a partir da seleção dos agricultores e das características do meio em que são cultivadas. Aliás, os estudos que, sim, foram realizados observaram em três ratos (dos três sacrificados com o propósito de pesquisa – é, só três!) uma tendência de diminuição dos rins e de aumento do fígado.
Mas isso tudo já foi dito.
O que eu quero saber é como, ao comprar feijão na feira ou no supermercado, poderei garantir minha escolha por um feijão orgânico (de preferência) ou convencional, que não esteja contaminado pelo transgénico. Como, ao almoçar no restaurante por quilo, poderei ser informada caso se trate de uma feijoada transgénica. Como poderei garantir, no futuro, que o alimento que darei a meus filhos lhes nutrirá e não lhes diminuirá os rins.
Há muita gente que critica os anti-transgénicos classificando-os de obscurantistas, anti-desenvolvimento, anti-ciência. Só se esquecem de dizer que do lado de “cá” também há muitos cientistas, cheios de questionamentos não respondidos pelos pesquisadores do lado de “lá”. Fico com eles.
Fonte aredação Elisa A. França 05-10-2011
Eu tenho medo. Se a legislação, que determina que os produtos com organismos geneticamente modificados (OGMs) sejam rotulados como tal, é descaradamente desrespeitada hoje, tudo me faz crer que em um par de anos não será muito diferente. A informação correta e clara é um dos direitos básicos do consumidor, previsto na sua lei maior, o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Além dela, um decreto específico diz ipsis literis como deve ser feita a rotulagem de produtos transgénicos (Decreto 4680/2003). Mas são poucos os produtos em que encontramos aquele T dentro do triângulo amarelo, e isso não quer dizer que não estamos comendo transgénicos.
Como no caso dos demais OGMs (leia-se sojas e milhos liberados por aí e presentes em inúmeros alimentos industrializados), o feijão não passou por testes suficientes que comprovem sua segurança. Sou da turma do Princípio da Precaução, que é, inclusive, previsto por nossa Lei de Biossegurança (11.105/2005). Os estudos realizados tampouco atenderam às exigências da própria CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), que aprovou a autorização.
Por exemplo, não houve nenhuma pesquisa sobre o impacto que o feijão transgénico pode ter sobre os biomas brasileiros ou sobre outras qualidades de feijão, como as variedades crioulas – estas, geração após geração, desenvolvem características únicas a partir da seleção dos agricultores e das características do meio em que são cultivadas. Aliás, os estudos que, sim, foram realizados observaram em três ratos (dos três sacrificados com o propósito de pesquisa – é, só três!) uma tendência de diminuição dos rins e de aumento do fígado.
Mas isso tudo já foi dito.
O que eu quero saber é como, ao comprar feijão na feira ou no supermercado, poderei garantir minha escolha por um feijão orgânico (de preferência) ou convencional, que não esteja contaminado pelo transgénico. Como, ao almoçar no restaurante por quilo, poderei ser informada caso se trate de uma feijoada transgénica. Como poderei garantir, no futuro, que o alimento que darei a meus filhos lhes nutrirá e não lhes diminuirá os rins.
Há muita gente que critica os anti-transgénicos classificando-os de obscurantistas, anti-desenvolvimento, anti-ciência. Só se esquecem de dizer que do lado de “cá” também há muitos cientistas, cheios de questionamentos não respondidos pelos pesquisadores do lado de “lá”. Fico com eles.
Fonte aredação Elisa A. França 05-10-2011
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