Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE)
É logo a partir do primeiro ano de vida que grande parte das crianças começa a alimentar-se mal. “Das crianças avaliadas com idade entre 12 e 36 meses, 31,4% apresenta excesso de peso e 6,5% obesidade”, conclui o Estudo do Padrão Alimentar e de Crescimento na Infância – EPACI Portugal 2012, o primeiro a ser realizado no país em idades tão baixas.

E, segundo este trabalho pioneiro, os erros com a alimentação estão relacionados com os hábitos das famílias portuguesas. “É precisamente a partir dos 12 meses, quando as crianças são incluídas na dieta familiar, que se perde o controlo com a introdução precoce de sumos e de bebidas açucaradas”, avança Carla Rêgo, coordenadora do estudo realizado por três institutos (Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, Instituto de Saúde Pública e Faculdade de Medicina, ambos da Universidade do Porto e) com o apoio da Direcção-geral da Saúde.

Aliás, no documento, os investigadores alertam para os problemas de peso dos pais: 61% dos progenitores do sexo masculino e 38% das mães, com 34 anos em média, registam “uma preocupante prevalência de excesso de peso ou obesidade”.

Elevado consumo de doces

Segundo o EPACI, “durante o segundo e terceiro anos de vida, o consumo numa base diária de bebidas açucaradas e sobremesas e doces é de 17% e de 10% respectivamente, contribuindo para um excesso de açúcares simples”. Por outro lado, o consumo de leite de vaca é introduzido em 3/4 das crianças, o que implica um elevado consumo de proteína.

Mas há boas notícias: Quase todas as crianças (93%) consomem fruta e sopa diariamente. Com esta avaliação, conclui Carla Rêgo, os especialistas poderão conhecer uma área “em que estavam completamente às escuras” e assim “definir novas políticas estratégicas de combate à obesidade, sobretudo nos cuidados primários de saúde”.

Certo é que até completarem um ano de idade, os bebés portugueses têm uma alimentação adequada. “A forma como se diversifica a alimentação durante o primeiro ano em Portugal é genericamente adequada e segue as recomendações nacionais e europeias, denotando boas práticas dos cuidados primários de saúde e dos pediatras”, lê-se no relatório.

Segundo os dados recolhidos, dois terços das crianças diversificam a alimentação entre os quatro a cinco meses, sendo a sopa de legumes o primeiro alimento a ser oferecido a mais de metade. Já o leite de vaca é dado, à maioria, quando completam 12 meses.

O estudo revela ainda problemas na amamentação, sendo cada vez menor a duração do aleitamento materno. “Embora 90% das mulheres iniciem a amamentação, a duração média do aleitamento exclusivo é de quatro meses”, conclui o EPACI, que avaliou 2 232 crianças, acrescentando que só “um quarto das mulheres amamenta aos 12 meses”. A região Norte é aquela em que mais mulheres (1/4) amamentam em exclusivo até ao sexto mês.

“A política cada vez menos protectora das mulheres com filhos será uma das justificações para este curto tempo de aleitamento materno exclusivo, longe dos seis meses recomendados pela Organização Mundial de Saúde”, diz Carla Rêgo.

Fonte Sol 03-11-2013

 

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