Porque são os rebentos tantas vezes relacionados com toxi-infeções alimentares?
Os rebentos resultam da germinação de sementes e o seu consumo tem vindo a aumentar, sustentando uma alimentação mais saudável a nível nutricional. Em Portugal, o consumo de saladas e de frutos pré-cortados e embalados, chamados de 4ª gama e onde os rebentos estão incluídos, começou a ter grande aceitação a partir dos anos 90.

Os rebentos, nomeadamente os de soja, agrião e alfalfa, são produzidos em sistemas hidropónicos, caracterizados por não necessitarem de terra (solo) para o cultivo das plantas. As plantas são cultivadas em estufa com controlo das condições ambientais, em que as raízes das plantas ficam dentro de água.

Apesar da reconhecida qualidade nutricional, os rebentos são frequentemente associados a surtos de toxi-infeções alimentares, em que as pessoas ficam doentes após ingerir rebentos em saladas e sanduíches.

Qualquer produto que seja consumido cru ou levemente cozinhado comporta o risco de causar toxi-infeções alimentares. Os rebentos são especialmente vulneráveis porque as sementes necessitam de calor e humidade para germinarem, fatores que são exatamente o que as bactérias também necessitam para se desenvolver. Desta forma, os rebentos podem ser considerados como autênticas Placas de Petri.

Os microrganismos patogénicos mais frequentemente relacionados com as sementes e os rebentos incluem Salmonella spp, E.coli O157:H7, Listeria monocytogenes e Bacillus cereus. As análises microbiológicas a estes produtos revelam muitas vezes um teor de patogénicos na ordem dos dez milhões por cada grama de produto, sem que tal afete negativamente a sua aparência.

Os diversos casos de doença que têm vindo a ocorrer, recorde-se o surto em agosto de 2016 nos EUA, justifica a crescente preocupação das autoridades e consumidores relativamente à qualidade microbiológica destes produtos.

Estudos epidemiológicos realizados revelaram que para além de poder ocorrer a contaminação com E. coli pela utilização de água contaminada na produção, lavagem e conservação, a contaminação microbiológica provém muitas vezes das próprias sementes.

A aplicação de sistemas de HACCP (Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos) e das Boas Práticas de Agrícolas e de Produção são essenciais para garantir a eliminação de agentes patogénicos, pela desinfeção das sementes, implementação de controlo rigoroso das condições de produção, desinfeção durante a produção e colheita.

Conselhos para reduzir o rico de toxi-infeções alimentares associadas ao consumo de rebentos:

• Cozinhar muito bem os produtos.
• Consumir rebentos enlatados, já que foram sujeitos a uma etapa de aquecimento.
• As pessoas com as defesas imunitárias diminuídas (crianças, idosos ou pessoas com o sistema imunitário comprometido) devem evitar o consumo de rebentos.
• No restaurante, pedir para que não sejam introduzidos rebentos crus nos pratos ou sanduíches.

QUALI, 01/02/2017

 

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