7 maus hábitos alimentares
Mergulhar uma batata frita no molho pela segunda vez (depois de já a ter trincado...), soprar as velas do bolo de aniversário, ou comer, por exemplo, um pedacinho de bolo que, acidentalmente, caiu ao chão são hábitos relativamente comuns mas... muito pouco higiénicos.

Paul Dawson, cientista e professor na Universidade de Clemson, nos Estados Unidos, decidiu, há 30 anos, que havia de perceber de que forma os nossos hábitos alimentares comuns podem aumentar a propagação de bactérias, apesar de o risco de ficar doente devido a isso ser baixo.

Todos os anos, Dawson e os seus alunos apresentam um projeto de pesquisa onde estudam os hábitos alimentares vulgares e quantificam o quão pouco higiénicos estes podem ser.

“O mergulho duplo”

Mergulha uma batata frita no molho, dá-se uma dentada e lá vai a mesma batata para o molho outra vez. É provável que poucos tenham a noção da quantidade de bactérias que este hábito implica. Um estudo, conduzido por Dwason, que analisou o efeito do “duplo mergulho” revelou que mergulhar um alimento pela segunda vez num molho após o ter metido na boca leva a que inúmeras bactérias se propaguem pelo resto do molho. Os investigadores colocaram três batatas em três tipos de molhos diferentes: molho mexicano, chocolate e queijo. O primeiro "mergulho" das batatas não levou qualquer bactérias aos molhos. Mas quando mergulharam uma segunda vez, já foi detetada uma grande quantidade de microoganismos - no mexicano cinco vezes mais do que no de chocolate ou no de queijo, simplesmente, explica o investigador, porque, por ser mais líquido, tem maior probabilidade a cair de volta no recipiente do molho, enquanto os outros dois são mais densos e não caem tanto da batata.

Cinco segundos no chão

Achar que quando a comida cai ao chão por apenas cinco segundos é segura porque não há tempo suficiente para a contaminação do alimento é errado.

Dawson analisou, através de um estudo, os efeitos do contacto de alimentos com o chão, mesmo que seja apenas por cinco segundos. Para a investigação, espalhou bactérias de salmonella (uma bactéria responsável por infeções no ser humano) em superfícies de azulejo, num tapete e em madeira. Após cinco minutos, foram colocados salsichas e pão nas superfícies contaminadas pelas bactérias e deixaram-nos por cinco, trinta ou sessenta segundos. Voltaram a fazer o mesmo após as bactérias estarem nas superfícies durante duas, quatro, oito e vinte e quatro horas. Segundo Dawson, houve contaminação de bactérias suficiente em cinco segundos, o que comprova que consumir alimentos que caíram ao chão mesmo que tenha sido por apenas cinco segundos não é boa ideia. Segundo o cientista o que importa não o tempo que a comida está no chão mas sim a quantidade e o tipo de bactérias.

Um outro estudo, realizado por Donald Schaffner, um microbiologista de alimentos na Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, confirmou os resultados obtidos pela equipa de Dawson e mostraram que tempos mais longos de contacto com bactérias resultam na transferência de mais bactérias. Segundo Schaffner, o tipo de alimento bem como a superfície onde o alimento caiu influenciaram a transferência de bactérias. Os alimentos húmidos são mais atreitos a reter bactérias e as superfícies como os tapetes são menos propensas a transferir bactérias.

Soprar as velas de um bolo

O ponto mais alto de uma festa de aniversário é o soprar das velas, só que.... a boca contém bactérias que se espalham pelo bolo que todos vão comer.

Dawson descobriu que soprar as velas no bolo leva a que existam 15 vezes mais bactérias na superfície do bolo onde as velas foram sopradas do que na superfície em que as velas não foram sopradas.

Se o aniversariante estiver doente, então... nem é preciso dizer mais, pois não?

soprar as velas
“Beer pong”

É um jogo muito popular em festas de estudantes universitários, sobretudo nos Estados Unidos. Trata-se de atirar uma bola de pingue pongue para uma mesa onde está um conjunto de copos com cerveja, sendo que o objetivo é acertar com a bola num desses copos. Se a bola entrar no copo a pessoa da equipa adversária tem de beber a cerveja. Apesar de ser um hábito muito comum, é também um hábito muito sujo, uma vez que a bola cai, normalmente, no chão, passa pelas mãos de todos os jogadores e anda em cima da mesa.

No seu estudo sobre este hábito, Dawson recolheu as bolas de pingue pongue utilizadas em jogos que se realizaram no interior de um edifício e no exterior pelo público em geral. Os resultados obtidos revelaram que os níveis mais altos de bactérias foram encontrados nas bolas de pingue pongue utilizadas em jogos realizados no exterior. Os níveis mais baixos foram observados em bolas cujos jogos se realizaram em superfícies acarpetadas. O estudo revelou que quase todas as bactérias das bolas de pingue pongue foram transferidas para a cerveja.

Bebidas com limão

Pedir uma bebida refrescante com uma rodela de limão é um hábito comum. Mas os limões, nos restaurantes ou nos cafés, são muitas vezes colocados em recipientes abertos à temperatura ambiente, a que qualquer pessoa tem acesso. Outras vezes, são colocados numa arca frigorífica para que possam ser usados novamente. O gelo pode conter bactérias assim como as mãos de quem trabalha com os limões que nem sempre podem estar lavadas.

Com o objetivo de determinar a transferência e sobrevivência de bactérias durante o manuseamento e o armazenamento dos limões Dawson realizou mais um estudo. Mãos contaminadas com a bactéria E.coli manusearam, de seguida, tanto os limões como gelo - 100% das bactérias foram transferidas para os limões molhados enquanto que apenas 30% foram transferidas para os limões secos. Para o gelo, uma média de 19% das bactérias nas mãos foram transferidas. Os resultados revelaram ainda que os limões contaminados com a bactéria e deixados à temperatura ambiente durante 24 horas apresentaram um aumento da população bacteriana.

Ver o menu

Ir almoçar ou jantar fora requer, na maioria das vezes, a leitura do menu com o objetivo escolher o que se vai jantar. No entanto estes menus de restaurante normalmente não são limpos e podem ser uma fonte de bactérias.

A equipa de Dawson recolheu amostras aleatórias de restaurantes locais e testou-os. Grande parte dos menus tinham um número baixo de bactérias, mas que aumentava nas horas de maior movimento dos restaurantes. Quando o investigador contaminou os menus com a bactéria E.coli, 11% das bactérias foram transferidas para as mãos das pessoas.

Ler o menu no restaurante
Fonte visão 16-08-2017

 

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