As consequências das doenças alimentares podem ir muito além da diarreia e do vómito. A longo prazo, elas estão relacionadas a complicações como insuficiência renal, paralisia, convulsões e deficiências auditivas e visuais.
O alerta vem do Centro de Prevenção e Investigação de Doenças Transmitidas por Alimentos (EUA), que divulgou um relatório dizendo que 3% das vítimas das intoxicações alimentares podem ter graves problemas de saúde no futuro. O trabalho tem a parceria dos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças).
No Brasil, mais de 117 mil pessoas adoeceram e 64 morreram entre 1999 e Agosto de 2008 por doenças alimentares, segundo o Ministério da Saúde. Mas os especialistas dizem que os números são subestimados porque os sintomas dessas doenças costumam ser passageiros e, em cerca de 60% dos casos, não levam o doente a procurar um médico.
Nos EUA, onde o registo das doenças alimentares é muito mais eficiente, estima-se que 76 milhões de pessoas sofram um episódio a cada ano. Pelo menos 325 mil são hospitalizadas e 5.000 morrem, segundo os CDCs. Metade das vítimas tem menos de 15 anos.
No relatório são citados os alimentos mais envolvidos em surtos de doenças nos EUA (amendoim, pimentão, carne moída e espinafre). A contaminação ocorreu durante a produção ou nos locais de venda.
Os microrganismos responsáveis pelas infecções foram as bactérias Campylobacter, E. coli O157:H7, Listeria monocytogenes, Salmonella e o parasita Toxoplasma gondii.
A infecção pela bactéria Campylobacter pode causar a síndrome de Guillain-Barré, a causa mais comum de paralisia nos EUA. Também pode provocar artrite e infecção do coração. Já a E. coli O157:H7 pode causar a síndrome hemolítico-urêmica, que leva à insuficiência renal aguda, especialmente em crianças. A Listeria tem sido associada com infecções do cérebro e da medula espinhal.
A Salmonella também pode causar artrite reumatoide. E as crianças cujas mães tiveram toxoplasmose, causada por um parasita de origem alimentar, podem desenvolver atraso mental e deficiência visual.
"Não são apenas esses cinco agentes. Há mais de 200 outros, com diferentes tipos de consequência, e isso pode ser evitado se houver mais segurança alimentar", disse a pesquisadora Tanya Roberts, responsável pelo relatório.
Para Maria Tereza Destro, professora do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, é provável que no Brasil a situação seja semelhante à dos EUA, mas o problema é que não se consegue traçar a relação entre causa e efeito das doenças alimentares. "Devemos ter muita doença acontecendo e não existe informação."
Segundo Destro, 6% das pessoas vítimas da infecção pela E. coli podem ter problemas renais crónicos. "As pessoas que têm infecção por Salmonella podem ter artrite reumatoide. É claro que, após dez anos, ninguém vai relacionar a doença à intoxicação alimentar."
Ela conta que essa relação da Salmonella com a artrite reumatoide surgiu após seguranças do papa João Paulo II desenvolverem a doença quatro anos depois de terem tido salmonelose (infecção pela Salmonella) durante uma viagem.
Segundo o clínico-geral Alfredo Salim Helito, do Hospital Sírio-Libanês, a intoxicação alimentar é associada aos sintomas clássicos -vómito, diarreia, febre e até hepatite A em pessoas não vacinadas. "Estaria mentindo se dissesse que, ao me deparar com um paciente com artrite, um quadro neurológico ou uma miocardite, pensaria em comida contaminada. Essa não é a primeira hipótese diagnóstica", afirma.
Ele diz que é possível, com um exame de cultura das fezes de um paciente, isolar um germe associado a problemas articulares, por exemplo. Mas, em sua prática clínica, os casos mais graves com que se deparou foram de botulismo.
Fonte Folha
No Brasil, mais de 117 mil pessoas adoeceram e 64 morreram entre 1999 e Agosto de 2008 por doenças alimentares, segundo o Ministério da Saúde. Mas os especialistas dizem que os números são subestimados porque os sintomas dessas doenças costumam ser passageiros e, em cerca de 60% dos casos, não levam o doente a procurar um médico.
Nos EUA, onde o registo das doenças alimentares é muito mais eficiente, estima-se que 76 milhões de pessoas sofram um episódio a cada ano. Pelo menos 325 mil são hospitalizadas e 5.000 morrem, segundo os CDCs. Metade das vítimas tem menos de 15 anos.
No relatório são citados os alimentos mais envolvidos em surtos de doenças nos EUA (amendoim, pimentão, carne moída e espinafre). A contaminação ocorreu durante a produção ou nos locais de venda.
Os microrganismos responsáveis pelas infecções foram as bactérias Campylobacter, E. coli O157:H7, Listeria monocytogenes, Salmonella e o parasita Toxoplasma gondii.
A infecção pela bactéria Campylobacter pode causar a síndrome de Guillain-Barré, a causa mais comum de paralisia nos EUA. Também pode provocar artrite e infecção do coração. Já a E. coli O157:H7 pode causar a síndrome hemolítico-urêmica, que leva à insuficiência renal aguda, especialmente em crianças. A Listeria tem sido associada com infecções do cérebro e da medula espinhal.
A Salmonella também pode causar artrite reumatoide. E as crianças cujas mães tiveram toxoplasmose, causada por um parasita de origem alimentar, podem desenvolver atraso mental e deficiência visual.
"Não são apenas esses cinco agentes. Há mais de 200 outros, com diferentes tipos de consequência, e isso pode ser evitado se houver mais segurança alimentar", disse a pesquisadora Tanya Roberts, responsável pelo relatório.
Para Maria Tereza Destro, professora do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, é provável que no Brasil a situação seja semelhante à dos EUA, mas o problema é que não se consegue traçar a relação entre causa e efeito das doenças alimentares. "Devemos ter muita doença acontecendo e não existe informação."
Segundo Destro, 6% das pessoas vítimas da infecção pela E. coli podem ter problemas renais crónicos. "As pessoas que têm infecção por Salmonella podem ter artrite reumatoide. É claro que, após dez anos, ninguém vai relacionar a doença à intoxicação alimentar."
Ela conta que essa relação da Salmonella com a artrite reumatoide surgiu após seguranças do papa João Paulo II desenvolverem a doença quatro anos depois de terem tido salmonelose (infecção pela Salmonella) durante uma viagem.
Segundo o clínico-geral Alfredo Salim Helito, do Hospital Sírio-Libanês, a intoxicação alimentar é associada aos sintomas clássicos -vómito, diarreia, febre e até hepatite A em pessoas não vacinadas. "Estaria mentindo se dissesse que, ao me deparar com um paciente com artrite, um quadro neurológico ou uma miocardite, pensaria em comida contaminada. Essa não é a primeira hipótese diagnóstica", afirma.
Ele diz que é possível, com um exame de cultura das fezes de um paciente, isolar um germe associado a problemas articulares, por exemplo. Mas, em sua prática clínica, os casos mais graves com que se deparou foram de botulismo.
Fonte Folha
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