Cereais criam instabilidade
Vladimir Putin decidiu precaver-se, perante a amplitude das consequências dos incêndios que têm atormentado a Rússia: proibiu a exportação de cereais do seu país até ao fim do ano ou mesmo em 2011, caso seja necessário.

Os efeitos da decisão do chefe do Governo de Moscovo, que pretende assim impedir a inflação do preço dos cereais no seu país e, em consequência, manter a paz social, começam já a fazer-se sentir noutras regiões do globo. Fechada a porta do "celeiro do Médio Oriente", o preço dos cereais começou já a registar subidas nos mercados internacionais, em especial no dos Estados Unidos.

A Europa, por enquanto, mantém-se expectante: a decisão russa não a afecta negativamente já que não é significativo o volume da sua importação; pelo contrário, abre-lhe a possibilidade de responder às necessidades de países que, normalmente, recorriam a Moscovo, ou seja, o embargo russo imposto por Putin pode até beneficiar as exportações europeias.

Preocupantes são as consequências no Médio Oriente. Não só porque aqueles países não são produtores, mas sobretudo porque por ali o pão não é um artigo de luxo. Muitas vezes é o único produto a que milhares de árabes têm acesso, daí ser subsidiado por alguns governos. Ora, a subida do preço dos cereais pode levar à redução do subsídio, logo ao aumento do preço do pão, o que, em última análise, acabará por provocar agitação social numa das zonas mais voláteis do planeta.

Fonte DN 16-08-2010

 

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