Enquanto a surpresa diminui, a preocupação dos portugueses tem aumentado a passos largos: os alimentos subiram de preço, pelo oitavo mês consecutivo, pondo o tema da segurança alimentar na ordem do dia.
As consequências do desequilíbrio político e social, a instabilidade financeira e a subida intempestiva dos preços de matérias-primas representam um fardo mais pesado que qualquer outro: a falta de alimentos e o consequente perigo para a saúde de uma dieta mais restrita. Uma alimentação desequilibrada traduz-se em maiores probabilidades de obesidade, problemas cardiovasculares, aparecimento de cancro ou de diabetes.
"O aumento de preços é sempre um perigo para a saúde dos portugueses, já que o preço desempenha um papel importante na escolha." Alexandra Bento, da Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN), falava ao i sobre a mais recente revelação da agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), publicada na última quinta-feira: o preço dos alimentos subiu, novamente, com o índice a atingir os 236 pontos em Fevereiro, uma subida de 2,2% em relação ao primeiro mês do ano. Pior: o valor é o mais elevado, em termos reais e nominais, dos últimos 20 anos, desde que a FAO monitoriza os preços dos géneros alimentares.
Se em 2008 os portugueses já gastavam 15,7% do seu orçamento em alimentação, o mais provável é que hoje já estejam a gastar muito mais, contribuindo para um distanciamento ainda maior em relação aos países mais ricos da União Europeia. E a escalada de preços continua, pelo menos durante os próximos tempos e, alerta Alexandra Bento, "se o preço sobe nos alimentos básicos, a situação pode ser bem mais complicada". A nutricionista prefere ser prática e pragmática. Para Alexandra Bento há agora uma questão essencial: ensinar os portugueses a terem uma alimentação equilibrada: "Alimentarmo-nos não é barato, mas é possível organizar um dia de alimentação por cinco euros, por exemplo."
Facto é que nem todas as famílias têm esta quantia por dia para se alimentar. Se não dá para esticar o orçamento, o truque é fazer crescer os alimentos. O primeiro passo é encher o carrinho de supermercado com fruta e produtos hortícolas. Se à primeira vista parecem dispendiosos, o que se esconde por baixo das ramagens vale o investimento: "Com um olhar pouco atento pode parecer mais caro, mas, além dos benefícios em termos de saúde, preparamos pratos verdadeiramente importantes, como a sopa." E Alexandra Bento sublinha: "Que não falte sopa à mesa de toda a gente!" Ao escolhermos este tipo de refeição, e se a sopa for rica em hortaliças, legumes e até grãos de arroz, "a alimentação é muito equilibrada e não custa mais de 50 cêntimos", diz.
Em geral, a alimentação praticada pelos portugueses não é a mais indicada: "Há preferência por alimentos com açúcar, gorduras e sal a mais", que no fim acabam por sair mais caros: não só no bolso mas, a longo prazo, na saúde. É por isso que a APN teima em alertar para o perigo do aumento de preços. O objectivo é evitar a obesidade, doenças cardiovasculares, cancros ou diabetes. As frutas e os legumes são essenciais, mas sofrem com o preço. É importante percebermos que não são os únicos: "Falo destes porque temo que as famílias os deixem na prateleira ao racionar a compra de alimentos. Gastamos dinheiro mal gasto em alimentação. As pessoas têm de repensar as suas compras."
Fonte IOL 05-03-2011
"O aumento de preços é sempre um perigo para a saúde dos portugueses, já que o preço desempenha um papel importante na escolha." Alexandra Bento, da Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN), falava ao i sobre a mais recente revelação da agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), publicada na última quinta-feira: o preço dos alimentos subiu, novamente, com o índice a atingir os 236 pontos em Fevereiro, uma subida de 2,2% em relação ao primeiro mês do ano. Pior: o valor é o mais elevado, em termos reais e nominais, dos últimos 20 anos, desde que a FAO monitoriza os preços dos géneros alimentares.
Se em 2008 os portugueses já gastavam 15,7% do seu orçamento em alimentação, o mais provável é que hoje já estejam a gastar muito mais, contribuindo para um distanciamento ainda maior em relação aos países mais ricos da União Europeia. E a escalada de preços continua, pelo menos durante os próximos tempos e, alerta Alexandra Bento, "se o preço sobe nos alimentos básicos, a situação pode ser bem mais complicada". A nutricionista prefere ser prática e pragmática. Para Alexandra Bento há agora uma questão essencial: ensinar os portugueses a terem uma alimentação equilibrada: "Alimentarmo-nos não é barato, mas é possível organizar um dia de alimentação por cinco euros, por exemplo."
Facto é que nem todas as famílias têm esta quantia por dia para se alimentar. Se não dá para esticar o orçamento, o truque é fazer crescer os alimentos. O primeiro passo é encher o carrinho de supermercado com fruta e produtos hortícolas. Se à primeira vista parecem dispendiosos, o que se esconde por baixo das ramagens vale o investimento: "Com um olhar pouco atento pode parecer mais caro, mas, além dos benefícios em termos de saúde, preparamos pratos verdadeiramente importantes, como a sopa." E Alexandra Bento sublinha: "Que não falte sopa à mesa de toda a gente!" Ao escolhermos este tipo de refeição, e se a sopa for rica em hortaliças, legumes e até grãos de arroz, "a alimentação é muito equilibrada e não custa mais de 50 cêntimos", diz.
Em geral, a alimentação praticada pelos portugueses não é a mais indicada: "Há preferência por alimentos com açúcar, gorduras e sal a mais", que no fim acabam por sair mais caros: não só no bolso mas, a longo prazo, na saúde. É por isso que a APN teima em alertar para o perigo do aumento de preços. O objectivo é evitar a obesidade, doenças cardiovasculares, cancros ou diabetes. As frutas e os legumes são essenciais, mas sofrem com o preço. É importante percebermos que não são os únicos: "Falo destes porque temo que as famílias os deixem na prateleira ao racionar a compra de alimentos. Gastamos dinheiro mal gasto em alimentação. As pessoas têm de repensar as suas compras."
Fonte IOL 05-03-2011
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