Contaminação de alimentos é o maior perigo da crise nuclear japonesa
Para o físico nuclear alemão Herwig Paretzke, o maior risco da crise nuclear no Japão é a contaminação de alimentos. Segundo o cientista, será difícil impedir que esses produtos cheguem ao mercado mundial.

A emissão de partículas radioativas oferece risco grave de saúde apenas à população japonesa ou pode afetar também outros países?

HERWIG PARETZKE: Eu diria que, muito mais perigoso que a radioatividade do ar, são os alimentos contaminados. Isso nós observamos depois de Chernobyl. Mesmo hoje, 25 anos depois, até na Alemanha os cogumelos e a carne de caça precisam ser controlados em relação ao seu conteúdo radioativo. Muitas vezes estão contaminados.

Como será possível controlar a radioatividade dos alimentos no mercado globalizado?

PARETZKE: Há dois elementos que podem contaminar os gêneros alimentícios: iodo 131 e césio 137. O iodo liberado na atmosfera desaparece em 50% ao longo de oito dias. Já o césio oferece perigo durante décadas. Além disso, o césio é um problema porque está presente nos alimentos produzidos em solo contaminado. Esse é o maior perigo para a saúde humana. Também existe risco de contaminação nos peixes e frutos do mar. Se vierem da região contaminada, precisam ser controlados. Será difícil impedir que os produtos contaminados tenham acesso ao mercado mundial. Por isso, é muito importante o controle.

Há risco de uma propagação da radiação a grandes distâncias, como no caso de Chernobyl, há 25 anos, quando até na Escandinávia foi registrado um aumento das partículas radioativas?

PARETZKE: Por enquanto, a situação do Japão não é tão grave. Em Chernobyl, houve um incêndio e uma explosão do núcleo do reator, o que fez com que a radiação fosse libertada até grandes altitudes, tornando possível a contaminação da atmosfera também em países distantes. No caso do Japão, a tendência é que a radiação fique mais limitada à região, dependendo da direção do vento. E não houve explosão do núcleo do reator. Atualmente, o vento em Fukushima sopra em direção ao mar e, com isso, a população de Tóquio está sendo poupada.

Ainda é possível evitar o pior, uma fusão do núcleo dos reatores danificados?

PARETZKE: Não aconteceu fusão ainda. A situação é muito crítica, mas o pior ainda pode ser evitado.

Fonte Globo 16-03-2011

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