Surto de E. coli. Bruxelas rejeita tese de atentado bioterrorista
Quinze dias depois do início do surto, a origem da contaminação com a bactéria agressiva continua por apurar. Ministros europeus da Agricultura reúnem-se hoje para avaliar crise.

Pepinos, tomate, alface, rebentos de soja, de brócolos e lentilhas: a lista de potenciais vegetais contaminados com a estirpe agressiva de E. coli - que em duas semanas matou 23 pessoas e infectou mais de 1600 - está cada vez mais extensa, mas as certezas são tantas como no início do surto. Ontem as primeiras análises a 43 misturas de rebentos de leguminosas, produzidos no distrito de Uelzen, a 90 quilómetros de Hamburgo, revelaram resultados negativos.

Na imprensa alemã, as críticas viraram-se para o início de mandato desastroso do ministro alemão da Saúde, Daniel Bahr, empossado a 12 de Maio. A tese paralela às investigações oficiais, de que este se trataria do primeiro atentado bioterrorista europeu, não está para já em cima da mesa. O porta-voz do Comissário Europeu da Saúde, Frédéric Vincent, garantiu ontem ao i não haver "indicação" de que a contaminação resulte de um ataque: "Não estamos a trabalhar nessa hipótese."

A imprensa britânica foi das primeiras a agarrar na tese de atentado bioterrorista, veiculada em sites alemães, para associar o surto de E. coli no Norte da Alemanha a uma recente revisão das recomendações nacionais para o reforço da vigilância da cadeia de distribuição de alimentos e bebidas, face à ameaça de grupos como a Al-Qaeda.

Surto de E.coli. Bruxelas rejeita tese de atentado bioterrorista

Fonte oficial do Ministério britânico da Administração Interna esclareceu ontem ao i que o reforço do alerta aos agentes alimentares nada teve a ver com a crise sanitária alemã. Também o microbiologista austríaco Martin Wager disse, em entrevista a um site científico sediado em Viena, que a hipótese de bioterrorismo parece pouco provável: "Um bioterrorista iria trabalhar de forma diferente", disse o investigador, explicando que, apesar de esta estirpe de E. coli enterohemorrágica ter sido analisada pela primeira vez na semana passada, todos os seus genes parecem ter resultado de combinações entre bactérias já conhecidas. O genoma desta bactéria foi sequenciado por investigadores alemães e chineses. A estirpe contém 80% dos genes de uma outra E. coli descrita em 2005 e parece ser resistente a oito classes de antibióticos, revelaram os cientistas do Instituto Genómico de Pequim à agência Xinhua.

Origem incerta A última actualização no site do Instituto Robert Koch, que tem liderado as investigações na Alemanha, recomenda que não sejam comidos crus tomates, pepinos e alfaces, sobretudo se adquiridos no Norte do país. Ontem a ministra alemã da Agricultura, Ilse Aigner, sublinhou que as saladas devem também dispensar rebentos.

Perante os resultados vagos dos estudos epidemiológicos, que revelam apenas que no histórico de consumo dos doentes estes vegetais aparecem mais vezes do que numa amostra de pessoas saudáveis, as autoridades alemãs pediram ontem um pouco mais de paciência aos consumidores. Segundo a edição online da revista "Der Spiegel", falta concluir as análises a 17 lotes de misturas de rebentos de leguminosas. A propriedade onde são cultivados já foi fechada e os lotes foram retirados do mercado. O "Die Welt" falava ontem na hipótese de rebentos contaminados terem sido importados da China.

Hoje a crise sanitária alemã vai estar no centro da reunião extraordinária dos ministros europeus da Agricultura. O gabinete de António Serrano confirmou ao i que já foi feito um estudo exaustivo das perdas dos produtores nacionais, que hoje motivarão um pedido de apoio a Bruxelas. Ontem, na reunião dos ministros da Saúde, a Comissão Europeia disse estar disponível para rever o sistema europeu de alerta alimentar.

Fonte Ionline 07-06-2011

 

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