E.Coli. Alemanha engole as palavras e acusa os seus rebentos vegetais
Sem pedido de desculpas a Espanha pelo apontar de culpas aos pepinos espanhóis, a Alemanha identificou ontem rebentos de soja de produção local como estando na origem da epidemia de uma estirpe agressiva da bactéria E. coli, que já matou 30 pessoas na Europa. "São os rebentos vegetais" que estão na base da epidemia, declarou Reinhard Burger, director do Instituto Robert Koch, centro alemão de controlo de doenças.

Ontem, numa conferência de imprensa em Berlim, Burger anunciou a descoberta feita pelos três institutos federais sanitários envolvidos nas investigações, explicando que foram feitas "múltiplas" análises, nos campos e aos produtos de uma exploração agrícola biológica no Norte da Alemanha, onde foi identificada a origem da contaminação.

As autoridades alemãs levantaram, entretanto, o alerta lançado a 25 de Maio para alfaces, pepinos e tomates, depois de milhares de análises aos legumes terem dado resultado negativo. "Os nossos três institutos estão de acordo que já não existe razão para manter as recomendações", disse Burger. Apesar disso, o consumo destes produtos continuava ontem a meio gás no país. "Nos restaurantes ninguém está a vender saladas", disse ao i Ricardo Canelas, português instalado há alguns dias em Hamburgo.

Até agora, e no espaço de cinco semanas, 30 pessoas morreram e cerca de três mil em 14 países ficaram infectadas pela estirpe altamente virulenta e resistente da bactéria. As análises aos rebentos de soja mostram que "as pessoas que [os] comeram têm nove vezes mais probabilidades de ter diarreias com sangue e outros sinais da infecção pela bactéria E. coli do que os que não os comeram", garantiu o presidente do instituto.

Ajudas e desculpas Com a confirmação de que na origem da epidemia estão legumes de produção alemã, o país fica agora em maus lençóis, depois de, inicialmente e sem provas, ter apontado culpas a Espanha. José Luis Rodríguez Zapatero, primeiro-ministro espanhol, mantém que vai pedir um "ressarcimento dos danos" (leia-se, uma indemnização) causados pelo "erro clamoroso" alemão de associar produtos espanhóis à infecção pela bactéria E. coli. "Ficou claro com as análises da Agência Espanhola de Segurança Alimentar que não há a mínima suspeita de que a origem desta infecção tão grave venha de um produto espanhol", sublinhou Zapatero há duas semanas.

Apesar de não pedir desculpa pelo erro, a Alemanha comprometeu-se ontem a ajudar Espanha a recuperar do abalo na produção de frutas e legumes em Espanha, causado pelo levantamento das suspeitas. "O governo alemão comprometeu-se a fazer um esforço para recuperar o prestígio dos produtos agrícolas espanhóis afectados pela crise na Alemanha", avançou López Garrido, secretário de Estado espanhol para a União Europeia, depois de um encontro com o homólogo alemão. "[Werner] Hoyer lamentou profundamente e manifestou tristeza pelos prejuízos provocados ao sector agrícola, que se viu especialmente afectado pelas primeiras declarações [alemãs] que atribuíram aos pepinos espanhóis a origem da epidemia", acrescentou Garrido. Antes do surgimento desta estirpe, Espanha - o principal exportador de frutas e hortaliças dentro da União Europeia - vendia 25% dos seus produtos à Alemanha.

A UE já anunciou ajudas financeiras no valor de 210 milhões de euros a todos os agricultores dos estados-membros cujas vendas e exportações foram seriamente afectadas pelo surto.

Fonte ionline 11-06-2011
{hwdvs-player}id=760|height=262|width=350{/hwdvs-player} {hwdvs-player}id=761|height=262|width=350{/hwdvs-player}

 

Comentários:

Esta página usa cookies para lhe proporcionar uma melhor experiência. Ao continuar está a consentir a sua utilização.