A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) encontrou vestígios de fenilbutazona, um medicamento anti-inflamatório, em produtos alimentares à base de carne vendidos em Portugal e que, numa primeira análise, tinham acusado a presença de ADN de cavalo.
A concentração de medicamentos encontrada nos hambúrgueres Auchan e nas almôndegas Polegar é da ordem do micrograma e não representa um perigo imediato para a saúde pública. Ainda assim, diz a associação, há “uma situação de risco potencial” associada, uma vez que a utilização desse tipo de medicamentos nos animais destinados a consumo humano é ilegal.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, a Deco informa que os lotes dos preparados de carne e produtos à base de carne onde foi detectada a presença do anti-inflamatório foram retirados do mercado e “não se encontram, na presente data, à venda”. Os resultados das análises laboratoriais feitas por técnicos da associação serão agora comunicados ao sistema de alerta rápido da União Europeia.
“O medicamento pode ser administrado em animais domésticos, como é o caso dos cavalos, mas se o animal estiver registado para consumo humano então é ilegal”, explicou ao PÚBLICO Nuno Lima Dias, engenheiro especialista em segurança alimentar que participou nas análises feitas pela Deco. Três dos 30 produtos mandados analisar pela associação continham vestígios de carne de cavalo e em dois desses foi encontrada fenilbutazona.
“De acordo com indicações comunitárias, fomos à procura destes medicamentos onde já tínhamos encontrado carne de cavalo. Este lote de análises está finalizado mas vamos continuar a acompanhar a situação”, disse ainda.
Até ao momento, as autoridades portuguesas têm circunscrito o problema da presença de carne de cavalo (mais barata) em produtos alimentares, sem que tal seja mencionado nos rótulos, a situações que prefiguram crimes de fraude económica, sem impacto na saúde pública. A Deco, contudo, insiste que a questão pode não se resumir a um problema de rotulagem e que em causa pode estar também um problema de segurança alimentar.
“Estes dados novos evidenciam a necessidade de as autoridades portuguesas procederem a testes mais frequentes para avaliar a segurança alimentar dos produtos controlados. A Deco mantém e reitera as suas exigências nessa matéria”, pede a associação.
“Produto de eleição para tirar a dor”
A fenibutazona é uma substância com acção anti-inflamatória, antipirética e analgésica, que é frequentemente utilizada em cavalos de corrida. Nos seres humanos tem sido receitada a pacientes com artrite reumatóide, mas o seu uso em animais destinados à alimentação humana é proibido.
“É um produto de eleição para tirar a dor”, resumiu a bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, Laurentina Pedroso, em declarações ao semanário Expresso no mês passado, depois de ter sido anunciado que aquela substância fora detectada em carcaças de cavalos abatidos no Reino Unido e exportados para França.
Segundo Laurentina Pedroso, que é também especialista em segurança alimentar, a existência de resíduos de fenibutazona “não significa um risco para a saúde humana”. É um produto “tóxico que pode causar, por exemplo, problemas gastrointestinais, como úlceras”, mas este risco só existe com “a ingestão em grandes quantidades de carne de cavalo com estes resíduos”, frisou.
Reagindo à descoberta da presença de fenibutazona em cavalos abatidos no Reino Unido, a Agência de Segurança Alimentar britânica esclareceu que, nos níveis detectados, “uma pessoa tinha de comer entre 500 e 600 hambúrgueres por dia, compostos inteiramente de carne de cavalo, para se aproximar da dose limite diária para o homem” desta substância.
Os primeiros vestígios de carne de cavalo encontrados em produtos vendidos na Europa como sendo 100% de carne de vaca foram detectados na Irlanda, em Janeiro. Desde então, os casos têm-se multiplicado: França, Alemanha, Noruega, Itália, Espanha e Portugal estão entre a quinzena de países europeus que se viram obrigados a retirar produtos de comercialização.
Na semana passada, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu, para análise, mais de 45 toneladas de carne à venda no mercado português, sob suspeita de conter vestígios de cavalo. Recolheu também mais de 12 mil embalagens de lasanha produzida no Luxemburgo e comercializada em Portugal pelo grupo Jerónimo Martins, entretanto já retiradas das lojas.
Fonte Publico 08-03-2013
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, a Deco informa que os lotes dos preparados de carne e produtos à base de carne onde foi detectada a presença do anti-inflamatório foram retirados do mercado e “não se encontram, na presente data, à venda”. Os resultados das análises laboratoriais feitas por técnicos da associação serão agora comunicados ao sistema de alerta rápido da União Europeia.
“O medicamento pode ser administrado em animais domésticos, como é o caso dos cavalos, mas se o animal estiver registado para consumo humano então é ilegal”, explicou ao PÚBLICO Nuno Lima Dias, engenheiro especialista em segurança alimentar que participou nas análises feitas pela Deco. Três dos 30 produtos mandados analisar pela associação continham vestígios de carne de cavalo e em dois desses foi encontrada fenilbutazona.
“De acordo com indicações comunitárias, fomos à procura destes medicamentos onde já tínhamos encontrado carne de cavalo. Este lote de análises está finalizado mas vamos continuar a acompanhar a situação”, disse ainda.
Até ao momento, as autoridades portuguesas têm circunscrito o problema da presença de carne de cavalo (mais barata) em produtos alimentares, sem que tal seja mencionado nos rótulos, a situações que prefiguram crimes de fraude económica, sem impacto na saúde pública. A Deco, contudo, insiste que a questão pode não se resumir a um problema de rotulagem e que em causa pode estar também um problema de segurança alimentar.
“Estes dados novos evidenciam a necessidade de as autoridades portuguesas procederem a testes mais frequentes para avaliar a segurança alimentar dos produtos controlados. A Deco mantém e reitera as suas exigências nessa matéria”, pede a associação.
“Produto de eleição para tirar a dor”
A fenibutazona é uma substância com acção anti-inflamatória, antipirética e analgésica, que é frequentemente utilizada em cavalos de corrida. Nos seres humanos tem sido receitada a pacientes com artrite reumatóide, mas o seu uso em animais destinados à alimentação humana é proibido.
“É um produto de eleição para tirar a dor”, resumiu a bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, Laurentina Pedroso, em declarações ao semanário Expresso no mês passado, depois de ter sido anunciado que aquela substância fora detectada em carcaças de cavalos abatidos no Reino Unido e exportados para França.
Segundo Laurentina Pedroso, que é também especialista em segurança alimentar, a existência de resíduos de fenibutazona “não significa um risco para a saúde humana”. É um produto “tóxico que pode causar, por exemplo, problemas gastrointestinais, como úlceras”, mas este risco só existe com “a ingestão em grandes quantidades de carne de cavalo com estes resíduos”, frisou.
Reagindo à descoberta da presença de fenibutazona em cavalos abatidos no Reino Unido, a Agência de Segurança Alimentar britânica esclareceu que, nos níveis detectados, “uma pessoa tinha de comer entre 500 e 600 hambúrgueres por dia, compostos inteiramente de carne de cavalo, para se aproximar da dose limite diária para o homem” desta substância.
Os primeiros vestígios de carne de cavalo encontrados em produtos vendidos na Europa como sendo 100% de carne de vaca foram detectados na Irlanda, em Janeiro. Desde então, os casos têm-se multiplicado: França, Alemanha, Noruega, Itália, Espanha e Portugal estão entre a quinzena de países europeus que se viram obrigados a retirar produtos de comercialização.
Na semana passada, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu, para análise, mais de 45 toneladas de carne à venda no mercado português, sob suspeita de conter vestígios de cavalo. Recolheu também mais de 12 mil embalagens de lasanha produzida no Luxemburgo e comercializada em Portugal pelo grupo Jerónimo Martins, entretanto já retiradas das lojas.
Fonte Publico 08-03-2013
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