Garth Davis, um dos cirurgiões mais conceituados dos EUA, fala sobre os perigos do excesso de proteína animal.
Como interpreta as reações à decisão da OMS, com muitos consumidores a porem em causa a seriedade do aviso?
A indústria conseguiu isso, tal como já aconteceu com o tabaco. Eles percebem que se conseguirem plantar uma semente de dúvida na mente das pessoas, se conseguirem criar uma relatividade, a reação é essa: um cientista diz isto, outro diz aquilo, quem está certo? Então as pessoas respondem "não sei quem está certo mas gosto do meu cheeseburger e por isso vou comê-lo". Fazem que pareça que não há ciência por trás disto ou que as evidências científicas são fracas.
Foi o que muitos consumidores entenderam do relatório.
Eles estudaram 800 estudos epidemiológicos para chegar a esta conclusão. A ciência não é fraca, é extremamente forte. Os artigos contra o relatório da OMS vêm sempre da indústria. Qualquer estudo que recomende o consumo de carne, ovos e laticínios é financiado pela indústria. Não encontrará um único estudo independente NIH [National Institutes of Health] que mostre que a carne faz bem. Não existe, porque a carne não faz bem. Mas a indústria cria dúvida e a dúvida confunde as pessoas e as pessoas tomam decisões erradas com base no paladar.
Há muitas coisas que podem provocar cancro na lista da OMS. Isso fará que os consumidores considerem que tudo é um risco e portanto não vale a pena mudarem de hábitos?
Isto não é "potencialmente causa cancro": isto é definitivamente carcinógeno. A OMS fez uma classificação definitiva para mostrar o quão seguros estão disso. Há várias coisas na lista de potenciais, como fosfato, pesticidas, mas nas de classe 1, na chamada de topo, está a carne processada juntamente com amianto e tabaco. É muito definitivo. Não há qualquer dúvida.
No entanto, não se percebe qual é o consumo seguro de carnes processadas.
Claro, não quer dizer que uma pessoa se comer um bife vai ser diagnosticada, tal como não desenvolve cancro com um cigarro. O problema é que as pessoas dizem "vamos comer com moderação", mas a sua ideia de moderação está muito longe do que os cientistas recomendam. Essa "moderação" é carne em todas as refeições. Desde as salsichas de manhã à sande de fiambre à tarde e ao bife ao jantar, estamos a comer muito, muito acima do que se recomenda. Os estudos, na verdade, subestimam o quão forte é a ligação entre carne processada e cancro. Trata--se de estudos gigantescos, que fazem o que chamamos de análise regressiva multivariada, que retira qualquer fator que possa influenciar o resultado. Eles são muito conservadores, porque estão sob uma pressão enorme para não chegar a estas conclusões. A indústria está em cima deles. A ligação entre carne e cancro é muito mais forte do que a OMS diz.
Fonte: DN 07-11-2015
A indústria conseguiu isso, tal como já aconteceu com o tabaco. Eles percebem que se conseguirem plantar uma semente de dúvida na mente das pessoas, se conseguirem criar uma relatividade, a reação é essa: um cientista diz isto, outro diz aquilo, quem está certo? Então as pessoas respondem "não sei quem está certo mas gosto do meu cheeseburger e por isso vou comê-lo". Fazem que pareça que não há ciência por trás disto ou que as evidências científicas são fracas.
Foi o que muitos consumidores entenderam do relatório.
Eles estudaram 800 estudos epidemiológicos para chegar a esta conclusão. A ciência não é fraca, é extremamente forte. Os artigos contra o relatório da OMS vêm sempre da indústria. Qualquer estudo que recomende o consumo de carne, ovos e laticínios é financiado pela indústria. Não encontrará um único estudo independente NIH [National Institutes of Health] que mostre que a carne faz bem. Não existe, porque a carne não faz bem. Mas a indústria cria dúvida e a dúvida confunde as pessoas e as pessoas tomam decisões erradas com base no paladar.
Há muitas coisas que podem provocar cancro na lista da OMS. Isso fará que os consumidores considerem que tudo é um risco e portanto não vale a pena mudarem de hábitos?
Isto não é "potencialmente causa cancro": isto é definitivamente carcinógeno. A OMS fez uma classificação definitiva para mostrar o quão seguros estão disso. Há várias coisas na lista de potenciais, como fosfato, pesticidas, mas nas de classe 1, na chamada de topo, está a carne processada juntamente com amianto e tabaco. É muito definitivo. Não há qualquer dúvida.
No entanto, não se percebe qual é o consumo seguro de carnes processadas.
Claro, não quer dizer que uma pessoa se comer um bife vai ser diagnosticada, tal como não desenvolve cancro com um cigarro. O problema é que as pessoas dizem "vamos comer com moderação", mas a sua ideia de moderação está muito longe do que os cientistas recomendam. Essa "moderação" é carne em todas as refeições. Desde as salsichas de manhã à sande de fiambre à tarde e ao bife ao jantar, estamos a comer muito, muito acima do que se recomenda. Os estudos, na verdade, subestimam o quão forte é a ligação entre carne processada e cancro. Trata--se de estudos gigantescos, que fazem o que chamamos de análise regressiva multivariada, que retira qualquer fator que possa influenciar o resultado. Eles são muito conservadores, porque estão sob uma pressão enorme para não chegar a estas conclusões. A indústria está em cima deles. A ligação entre carne e cancro é muito mais forte do que a OMS diz.
Fonte: DN 07-11-2015
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