Cabo Verde
Cerca de 20 porcento da população cabo-verdiana ainda está em situação de insegurança alimentar, alertou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Este alerta surge depois de, na semana passada, a FAO ter colocado Cabo Verde na lista de países a necessitarem de assistência alimentar externa.

A seca extrema que provocou o desaparecimento de culturas e a falta de pasto para o gado são justificações da agência onusina para colocar o país entre os que estão em situação de emergência alimentar.

Num relatório, a FAO afirma que, entre março e maio deste ano, 35 porcento da população careceram desta ajuda.

Cabo Verde, que atravessa uma das piores secas das últimas décadas, tem em curso um programa de emergência para o qual mobilizou 10 milhões de euros junto de parceiros internacionais.

O programa de emergência tem como medidas prioritárias o salvamento do gado, a mobilização de água, o acesso a financiamentos e a criação de empregos no meio rural.

No entanto, o representante da FAO em Cabo Verde, Remi Nono Wondim, considera que o país tem condições para erradicar a fome, já que, frisou, há vontade política e capacitação para se garantir a segurança alimentar e nutricional no futuro.

Wondim fez estes pronunciamentos quando falava à imprensa na cidade da Praia, depois de participar no ato de abertura de uma conferência sob o lema “Os desafios de uma agenda pública para a segurança alimentar e nutricional em Cabo Verde”, promovida pelo Ministério da Agricultura e Ambiente.

Na ocasião, ele sublinhou que, para tal, os setores públicos e privados devem trabalhar juntos com a comunidade internacional.

A este propósito, ele realçou que a FAO vem trabalhando com o Governo de Cabo Verde no desenvolvimento de políticas, de estratégias e de programas no setor da segurança alimentar e nutricional.

Recordou que, em 2016, a sua instituição reviu com Cabo Verde o Quadro Programático do País (QPP) para 2016-2017 que define a prioridade para garantir a segurança alimentar e nutricional no país e que, neste momento, uma “task force” trabalha no novo QPP no mesma contexto para o período 2018-2022.

Na sua opinião, num país com uma população crescente como Cabo Verde, é preciso aprender a produzir mais com menos recursos.

Destacou que o país tem três grandes desafios, designadamente o desafio alimentar, o social, porque, a seu ver, a maior parte da população vive nas cidades, bem como o desafio ecológico, já que, prosseguiu, o país, por ser um pequeno Estado insular, está sujeito a várias catástrofes naturais, como a seca.

Para o ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, o aumento da produção alimentar no país, que passa pela agricultura, pela pesca e por toda a transformação agroalimentar, é uma das prioridades do Governo em matéria de Segurança Alimentar e Nutricional.

Gilberto Silva anotou que, para o efeito, já foram tomadas várias medidas a nível da agricultura, das quais a melhoria dos sistemas de rega e a diminuição dos riscos.

O governante acrescentou que toda esta política de fomento da produção visa a rentabilidade das explorações, como culturas protegidas, combate a pragas, melhoria do tratamentos pós-colheita e melhoria do acesso ao crédito.

“É evidente que nós vamos ter que alinhar toda a atuação em matéria de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) com o programa do Governo. Vamos ter uma abordagem bastante pragmática e procurar, na medida do possível, densificar a rede de SAN a nível nacional, ligando-a às regiões e aos municípios”, precisou.

O governante fez saber ainda que o Executivo entendeu aproveitar os princípios de subsidiariedade e levar as decisões cada vez mais próximo do cidadão, de modo a aumentar a participação dos mesmos e de Organizações Não Governamentais (ONG) dentro desta rede, fazer participar e articular melhor instituições que fazem parte da mesma.

Fonte: africa 21 digital 12-06-2018

 

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