Há denúncias de casos em várias lojas em Lisboa. Director de qualidade da empresa admite "casos pontuais" e responsabiliza a "qualidade" da laranja do Algarve que, nesta altura do ano, atrai a "mosca da fruta". Mas garante que a larva é inofensiva.
Várias lojas da Padaria Portuguesa em Lisboa estão a servir sumos de laranja natural com larvas.
Esta segunda-feira, Mariana Soares, uma designer de 35 anos, foi à loja dos Restauradores onde pediu um menu pequeno-almoço (pão+sumo de laranja). Abriu o copo fechado e percebeu que tinha larvas.
Em declarações ao Negócios, Mariana Soares diz que reclamou com a empregada, que olhou para o sumo e disse: "ah pois é, desculpe". "Agarrou no sumo, virou costas e nem sequer me perguntou se queria o dinheiro de volta ou pedir outra coisa", conta indignada, acrescentando que até disse para "desligarem a máquina dos sumos mas não quiseram saber".
Saiu do estabelecimento e após regressar ao seu local de trabalho e de ter contado aos colegas o que tinha acabado de acontecer, Mariana voltou à loja para apresentar uma queixa formal e constatou que os empregados continuavam a servir sumos de laranja como se nada se tivesse passado.
Pediu o livro de reclamações e perguntou porque é que ainda estavam a servir os sumos e a empregada respondeu que "era do filtro, que se tinham esquecido de pôr o filtro".
Mas este não é caso único. Joana M. teve um episódio semelhante na passada sexta-feira mas na loja da avenida João XXI.
Na reclamação que escreveu na página do Facebook da Padaria Portuguesa, Joana M. conta que depois de ter chegado de uma viagem de duas semanas em África, onde teve "sempre muito cuidado com o que comia e bebia", chegou a Portugal e foi tomar o pequeno-almoço naquela loja.
"Depois de beber meio sumo, reparo que o meu sumo vinha repleto de larvas!!!! Já tentei ligar para a Padaria da João XXI para não servirem mais sumos e procederem à limpeza da máquina e verificação das laranjas, mas toca e ninguém atende. Inadmissível e vergonhoso isto continuar a acontecer", lê-se na queixa que escreveu.
A Padaria Portuguesa respondeu à queixosa da seguinte forma: "Pedimos imensa desculpa pela situação e agradecemos o alerta. Vamos tomar as medidas necessárias para garantir que o sucedido não se volta a repetir. Obrigado!"
Na caixa de comentários, e além de algumas pessoas preferirem destacar as características proteícas das larvas, pode-se constatar que há mais pessoas a dar conta de casos semelhantes, nomeadamente há um mês na loja do Parque das Nações.
Confrontado pelo Negócios com estas denúncias, o director de qualidade da Padaria Portuguesa, Carlos Pina, reconhece que "nos últimos dias surgiram casos pontuais de presença de larvas no sumo de laranja natural", situação que atribui à "qualidade" da laranja do Algarve que atrai a "mosca da fruta".
"Por política interna, privilegiamos matérias-primas e ingredientes nacionais e a laranja é disso exemplo – na maior parte do ano compramos laranja nacional do Algarve, que se caracteriza por um brix mais elevado e por isso se traduz em maior qualidade e doçura. Tipicamente, nesta altura do ano, os pomares do Algarve são vulneráveis à mosca do Mediterrâneo (também conhecida como "mosca da fruta"), que, em casos pontuais, se traduz numa evolução para o estado de larva no interior da laranja. Trata-se de algo inofensivo para a saúde, mas que visualmente tem um impacto negativo", afirma Carlos Pina.
O responsável da empresa garante que "apesar do controlo de qualidade" que realizam "na origem e diariamente na recepção da laranja", estas larvas "são muito difíceis de identificar a olho vivo, tanto no fruto inteiro como após a sua abertura".
Carlos Pina assegura ainda que estão "já a trabalhar com os produtores locais na procura de pomares livres desta praga, de forma a evitar que situações semelhantes se repitam". Em causa estão mais de 10 toneladas de laranja diárias que se traduzem em mais 15 mil sumos vendidos.
O director de qualidade lamenta "com franqueza a má experiência dos clientes visados" e conclui reafirmando que se trata de algo "inofensivo para a saúde" e de "uma situação pontual".
O facto é que a denúncia de casos de sumos de laranja natural servidos com larvas não é de agora. No portal da queixa pode-se verificar que há queixas pelo menos desde 2016. Como foi o caso de Carolina Carvalho: "No passado dia 01-08-2016, como cliente habitual da padaria portuguesa comprei o menu pequeno almoço onde o sumo de laranja que me serviram estava cheio de larvas vivas, é de considerar a falta de higiene e de supervisão dos alimentos que são servidos ao público além de que a minha colega que também tomou o mesmo sumo como tem fobia a larvas teve um ataque de pânico, e acabou por vomitar... É por fim o gerente nem se dignou a fazer a devolução em dinheiro".
O Negócios tentou saber junto da Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE) se já tinham recebido muitas queixas contra a Padaria Portuguesa e se já tinham feito ou iriam fazer alguma inspecção à cadeia de lojas mas até ao momento não tivemos resposta.
Fonte: Jornal de negócios 01-08-2018
Esta segunda-feira, Mariana Soares, uma designer de 35 anos, foi à loja dos Restauradores onde pediu um menu pequeno-almoço (pão+sumo de laranja). Abriu o copo fechado e percebeu que tinha larvas.
Em declarações ao Negócios, Mariana Soares diz que reclamou com a empregada, que olhou para o sumo e disse: "ah pois é, desculpe". "Agarrou no sumo, virou costas e nem sequer me perguntou se queria o dinheiro de volta ou pedir outra coisa", conta indignada, acrescentando que até disse para "desligarem a máquina dos sumos mas não quiseram saber".
Saiu do estabelecimento e após regressar ao seu local de trabalho e de ter contado aos colegas o que tinha acabado de acontecer, Mariana voltou à loja para apresentar uma queixa formal e constatou que os empregados continuavam a servir sumos de laranja como se nada se tivesse passado.
Pediu o livro de reclamações e perguntou porque é que ainda estavam a servir os sumos e a empregada respondeu que "era do filtro, que se tinham esquecido de pôr o filtro".
Mas este não é caso único. Joana M. teve um episódio semelhante na passada sexta-feira mas na loja da avenida João XXI.
Na reclamação que escreveu na página do Facebook da Padaria Portuguesa, Joana M. conta que depois de ter chegado de uma viagem de duas semanas em África, onde teve "sempre muito cuidado com o que comia e bebia", chegou a Portugal e foi tomar o pequeno-almoço naquela loja.
"Depois de beber meio sumo, reparo que o meu sumo vinha repleto de larvas!!!! Já tentei ligar para a Padaria da João XXI para não servirem mais sumos e procederem à limpeza da máquina e verificação das laranjas, mas toca e ninguém atende. Inadmissível e vergonhoso isto continuar a acontecer", lê-se na queixa que escreveu.
A Padaria Portuguesa respondeu à queixosa da seguinte forma: "Pedimos imensa desculpa pela situação e agradecemos o alerta. Vamos tomar as medidas necessárias para garantir que o sucedido não se volta a repetir. Obrigado!"
Na caixa de comentários, e além de algumas pessoas preferirem destacar as características proteícas das larvas, pode-se constatar que há mais pessoas a dar conta de casos semelhantes, nomeadamente há um mês na loja do Parque das Nações.
Padaria admite "casos pontuais"
Confrontado pelo Negócios com estas denúncias, o director de qualidade da Padaria Portuguesa, Carlos Pina, reconhece que "nos últimos dias surgiram casos pontuais de presença de larvas no sumo de laranja natural", situação que atribui à "qualidade" da laranja do Algarve que atrai a "mosca da fruta".
"Por política interna, privilegiamos matérias-primas e ingredientes nacionais e a laranja é disso exemplo – na maior parte do ano compramos laranja nacional do Algarve, que se caracteriza por um brix mais elevado e por isso se traduz em maior qualidade e doçura. Tipicamente, nesta altura do ano, os pomares do Algarve são vulneráveis à mosca do Mediterrâneo (também conhecida como "mosca da fruta"), que, em casos pontuais, se traduz numa evolução para o estado de larva no interior da laranja. Trata-se de algo inofensivo para a saúde, mas que visualmente tem um impacto negativo", afirma Carlos Pina.
O responsável da empresa garante que "apesar do controlo de qualidade" que realizam "na origem e diariamente na recepção da laranja", estas larvas "são muito difíceis de identificar a olho vivo, tanto no fruto inteiro como após a sua abertura".
Carlos Pina assegura ainda que estão "já a trabalhar com os produtores locais na procura de pomares livres desta praga, de forma a evitar que situações semelhantes se repitam". Em causa estão mais de 10 toneladas de laranja diárias que se traduzem em mais 15 mil sumos vendidos.
O director de qualidade lamenta "com franqueza a má experiência dos clientes visados" e conclui reafirmando que se trata de algo "inofensivo para a saúde" e de "uma situação pontual".
O facto é que a denúncia de casos de sumos de laranja natural servidos com larvas não é de agora. No portal da queixa pode-se verificar que há queixas pelo menos desde 2016. Como foi o caso de Carolina Carvalho: "No passado dia 01-08-2016, como cliente habitual da padaria portuguesa comprei o menu pequeno almoço onde o sumo de laranja que me serviram estava cheio de larvas vivas, é de considerar a falta de higiene e de supervisão dos alimentos que são servidos ao público além de que a minha colega que também tomou o mesmo sumo como tem fobia a larvas teve um ataque de pânico, e acabou por vomitar... É por fim o gerente nem se dignou a fazer a devolução em dinheiro".
O Negócios tentou saber junto da Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE) se já tinham recebido muitas queixas contra a Padaria Portuguesa e se já tinham feito ou iriam fazer alguma inspecção à cadeia de lojas mas até ao momento não tivemos resposta.
Fonte: Jornal de negócios 01-08-2018
Comentários: