Milho GM banido na UE foi plantado na Alemanha
Uma variedade geneticamente modificada (GM) de milho banida na UE foi plantada acidentalmente na Alemanha.

A variedade NK603 foi plantada em sete estados. O fornecedor das sementes, a empresa dos EUA "Pioneer Hi-Bred" considerou o nível de contaminação "mínimo".

Não é transparente o modo como ocorreu o erro, mas mas poderá custar milhões de euros aos agricultores, uma vez que as plantações terão agora que ser destruídas.

A UE está presentemente a rever a sua apertada regulamentação sobre os cultivos GM.

A Pioneer Hi-Bred, sediada em Buxtehude perto de Hamburgo, afirma que o milho NK603 foi plantado numa área "apenas inferior a 2,000 hectares". O grupo ambientalista Greenpeace calcula a área plantada em 3,000 hectares.

Baviera, Baden-Wuerttemberg e a Baixa Saxónia são alguns dos estados onde o milho transgénico foi plantado.

Informação atrasada

Os apoiantes do cultivo GM (transgénicos) argumentam que estes conferem maior rendimento às colheitas e maior resistência às pestes, diminuído a quantidade de fertilizantes e pesticidas utilizados.

Os oponentes afirmam que são necessários mais dados, argumentando que o impacto genético a longo-prazo dos alimentos GM (transgénicos) sobre os humanos e a vida selvagem pode ser prejudicial.

Também afirmam que os cultivos GM podem entrar na cadeia alimentar inadvertidamente se for feita polinização cruzada naturalmente com variedades não-GM.

A Greenpeace declara que as autoridades tinham conhecimento da contaminação no início de Março, mas que devido a atrasos burocráticos, os agricultores estão a ser informados apenas agora.

"Esta é a Colheita GM mais escandalosa de sempre na Alemanha," declarou o perito da Greenpeace em agricultura, Alexander Hissting.

Arar os campos

Nos campos afectados, a contaminação da plantação com NK603 pode ir até aos 0.1% - o equivalente a 100 plantas contaminadas por hectare, diz a Greenpeace.

A Pioneer Hi-Bred contesta este número. O vogal da empresa Mike Hall disse à BBC que o nível de NK603 detectado na "semente convencional" foi de 0.03%.

"É muito improvável que seja um rasto de modificação genética. Algo abaixo de 0.1% pode ser um falso positivo, impossível de quantificar cientificamente," afirma ele.

"No passado quando foram encontrados vestígios removemos a semente do mercado. Neste caso, informaram-nos depois de ter sido plantada."

Stefanie Becker, a vogal do Ministro do Ambiente da Baixa Saxónia, disse que os "campos terão que ser arados antes que o milho floresça - é ainda possível parar a propagação descontrolada [da variedade GM]".

Ela afirmou que o seu ministro não obteve os detalhes da distribuição do milho GM antes da sexta-feira passada. "Nós temos os nomes dos distribuidores, e através deles os agricultores serão informados," afirmou ela à BBC.

A Sra. Becker disse que a contaminação afectou cerca de 2,000 hectares e que provém de de dois sacos de sementes. Disse também que não é ainda claro como é que as sementes se misturaram.

UE dividida

Até ao momento a UE apenas autorizou o cultivo de duas variedades GM - o milho da Monsanto MON810 e um tipo de batata plantada devido ao seu amido. Contudo a Alemanha, tal como outros países da UE, baniram o MON810 no último ano.

As posições dos estados membros da UE são divididas no que diz respeito a plantações GM. O plantio comercial GM acontece em Espanha, Portugal e República Checa. Contudo a França, Alemanha, Áustria e a Grécia, encontram-se entre os vários estados que baniram o milho MON810.

O Milho GM que se espalhou na Alemanha "não é prejudicial para a saúde humana ou animal", afirma a vogal do Ministro do Ambiente da Baixa Saxónia.

A Comissão Europeia está actualmente a rever as regras relativas às colheitas GM e apresentará novas propostas no próximo mês, permitindo aos estados membros maior liberdade para autorizar ou interditar variedades GM.

Os países seriam autorizados a definir os seus próprios requisitos técnicos para a agricultura GM, incluindo zonas tampão para prevenir a polinização cruzada.

Ainda assim as novas regras necessitarão de ser aprovadas pelos governos da UE e pelo Parlamento Europeu.

Fonte BBC News 07-06-2010

 

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